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Polícia descobre "tribunal do crime" na zona leste de SP
Segundo a investigação, facção criminosa "julgava" inimigos e os matava com picaretas e cordas de varal
5 corpos foram achados em valas; suspeita é que cerca de 20 pessoas tenham sido mortas após os "julgamentos"
AFONSO BENITES
RACHEL AÑÓN
DE SÃO PAULO
Após dois meses de investigação, a Polícia Civil de São
Paulo descobriu a existência
de um tribunal paralelo criado por uma facção criminosa
na zona leste da capital.
Nele, os membros do PCC
(Primeiro Comando da Capital) "julgavam" e torturavam
seus inimigos e, em casos de
condenação, os matavam
com cordas de varal ou golpes de picareta na cabeça.
"Eles não usavam armas
de fogo porque sabiam que a
polícia seria informada dos
disparos", disse o delegado
Antonio Carlos Heib, do Deic
(departamento que investiga
o crime organizado).
Ontem, ele anunciou a prisão de quatro suspeitos. Um
dos supostos chefes do tribunal paralelo está foragido.
Entre os "sentenciados"
estavam inimigos da facção e
criminosos, classificados como devedores, falsos profetas, pedófilos ou "coisas".
A polícia encontrou cinco
corpos em valas de até 1,5 m
de profundidade -todos em estágio avançado de decomposição, em uma área isolada e de mata fechada no bairro Cidade Tiradentes. Eles só
poderão ser identificados por
meio de exames de DNA.
A suspeita é que cerca de
20 pessoas tenham sido assassinadas nesse local.
Um dos mortos foi "julgado" depois de acertar um tiro
em um membro do PCC.
Antes dos assassinatos,
havia tortura psicológica. O
"julgamento" acontecia em
um barraco, onde a pena era
decidida, via celular, por alguém de dentro de um presídio. O "réu" fazia sua defesa.
Quando "condenada" à
morte, a vítima era levada a
pé por cerca de 1 km pela mata fechada e assassinada ao
lado de sua cova. Cada vala
ficava a 500 metros da outra.
Os suspeitos disseram aos investigadores que já houve casos de "absolvição".
A INVESTIGAÇÃO
Os policiais chegaram ao grupo durante investigações de assaltos a condomínios.
Descobriram que os suspeitos não tinham relação com os roubos, e sim com tráfico.
Acabaram encontrando o "tribunal paralelo".
Marcel Andrade de Oliveira, o Barata, 27, Adriano Andrade do Nascimento, 29,
Lincoln Luiz da Silva, 21, e
Alan Flávio Santos, 31, foram
presos sob suspeita de tráfico
de drogas. Agora, eles serão
indiciados sob suspeita de
homicídio doloso (intencional). Gilmar Magalhães Lima, o Má, 28, suposto chefe do bando, está foragido.
A reportagem não teve
acesso aos presos e não localizou seus advogados. Em depoimentos, segundo a polícia, alguns admitiram participação nos "julgamentos".
FOLHA.com
Veja imagens divulgadas pela polícia do local onde foram encontrados corpos de vítimas
folha.com.br/ct816614
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