São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Vizinho confessa morte de aposentados

Desempregado de 29 anos se apresenta à polícia e diz que entrou na casa para roubar e matou porque a família reagiu

Suspeito apresentou roupas com sangue, máscara e faca usadas no crime; ele disse aos policiais que conhecia o casal "apenas de vista"

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

GABRIEL BATISTA
DO "AGORA"

O desempregado Luiz Eduardo Cirino, 29, se apresentou ontem à polícia e confessou ter assassinado a facadas os aposentados Sebastião e Hilda Tavares, na última sexta-feira, no Sumaré (zona oeste de São Paulo). Vizinho do casal, Cirino disse que entrou na casa para roubar e que matou porque o casal reagiu.
"Não sei [por que matei]. Entrei para roubar, não planejei nada", afirmou Cirino, no 23º DP (Perdizes). Ele disse também estar arrependido de ter matado os aposentados.
Cirino entregou à polícia roupas sujas de sangue, uma máscara e uma faca de churrasco que teriam sido usadas no crime -os objetos serão periciados. Para o delegado Rodolfo Chiarelli Jr., do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), a versão do desempregado parece verdadeira.
A polícia planejava pedir ainda ontem a prisão temporária, por 30 dias, do desempregado. Ele continuava sendo ouvido no DHPP até o fechamento desta edição.
Segundo a polícia, Cirino ligou para o telefone 190 da PM e confessou o crime. Ele combinou com os policiais militares que iria se entregar em frente à paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que era freqüentada pelos aposentados.
Cirino morava a poucas casas da residência da família Tavares. Na fuga após o crime, ele deixou manchas de sangue em dois muros no trajeto até a sua casa. Ao PM Maelson Bastos de Souza, que o prendeu, Cirino disse que chegou à casa da família Tavares às 2h30 de sexta-feira. Ele resolveu esperar até que alguém abrisse a porta lateral. Às 6h30, Hilda Tavares, 68, abriu a porta e se deparou com Cirino, já mascarado -ele usava uma máscara semelhante ao personagem Jason, do filme "Sexta-feira 13".
O desempregado diz que cobriu a boca de Hilda com a mão e mandou ela não gritar. Hilda teria desobedecido, se desvencilhado e pedido socorro. Foi agredida a facadas. Ela foi a primeira a morrer. Sebastião, 71, tentou socorrer a mulher, mas foi ameaçado por Cirino.
Com Sebastião já dominado, o desempregado disse que foi até o quarto de Isaura da Purificação Gonçalves, 93, mãe de Hilda, e também a ameaçou para que não reagisse. Cirino disse que logo depois percebeu que tinha alguém no banheiro e arrombou a porta.
Ele encontrou Rogério Tavares, 42, filho do casal. Cirino disse que houve confronto e ele feriu Rogério com um golpe de faca, antes de amarrá-lo. Nesse momento, Sebastião conseguiu sair da casa e começou a gritar por socorro. Cirino foi até o local e deu várias facadas em Sebastião. Depois carregou o corpo até a sala.
Cirino disse que não levou nada da casa porque ficou "apavorado". Na hora do crime, ele foi visto pela sua própria irmã, que não o reconheceu. Da rua, ela -cujo nome não foi divulgado- viu um homem mascarado agredir Sebastião. Ela avisou o porteiro de um prédio, que chamou a polícia.
Segundo o delegado Chiarelli Jr., Cirino resolveu se entregar porque se sentia pressionado e achou que as investigações chegariam até ele. Chiarelli disse que o desempregado afirmara conhecer a família "apenas de vista", mas essa relação ainda será investigada.
De acordo com a polícia, Cirino já tinha uma passagem por roubo, mas a circunstância não foi detalhada. Na delegacia, ele afirmou ser usuário de maconha. Segundo o delegado, Cirino será indiciado por latrocínio (matar para roubar).


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