São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Policiais praticavam extorsão, diz secretaria

Segundo a pasta, os dois estavam de folga em uma área fora da região onde trabalham, sem autorização dos superiores

Duas alunas foram atingidas por disparos; o policial sobrevivente e o informante foram presos por extorsão mediante sequestro

Almeida Rocha/Folha Imagem
Irmãos e amigos de Lucas Cordeiro Gomes, estudante morto em ação clandestina de policiais

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Uma operação clandestina realizada por policiais civis de São Paulo terminou em troca de tiros na porta de uma escola no Grajaú -na zona sul da capital. Um policial e um estudante de 17 anos, que acabara de sair da aula, morreram. Outras duas estudantes e um criminoso ficaram feridos.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o agente Luiz Carlos Burgo Breslizek, 28, e o carcereiro Washington Luiz Albino Pereira, 38, sem autorização nem conhecimento de seus superiores, tomaram emprestado o carro de um informante (Márcio Soares de Souza, 38) para realizar a prisão de dois suspeitos de tráfico.
Nenhum dos policiais trabalhava na região e ambos estavam de folga. Pereira alegou que eles investigavam desmanches clandestinos e viram os dois homens traficando. Breslizek morreu ainda no local.
A Secretaria da Segurança, porém, afirma que os dois policiais foram ao local para extorquir dinheiro dos dois supostos traficantes William Sobral Pinheiro dos Santos, 19, e Rollyson Ramon Nogueira, 19. Com eles, segundo os policiais, foi apreendida pequena quantidade de cocaína e maconha.
Os dois suspeitos foram algemados e colocados no veículo. Além dos dois policiais, o informante também participava da operação. Avisados, quatro colegas dos supostos traficantes seguiram o veículo, cercaram o Gol e começaram a disparar.
O policial morreu com a arma na cintura. O outro conseguiu disparar três vezes. Os bandidos, segundo a polícia, dispararam pelo menos 20 vezes contra o veículo.
Alunos que haviam deixado a Escola Estadual Roberto Mange, por volta das 21h30, ficaram no meio do tiroteio.
Além do jovem Lucas Cordeiro Gomes, que morreu, os tiros atingiram as alunas Adriana Silva de Arruda, 15, e Aryane Karoline Magalhães, 17. "Pensei que tinha levado uma pedrada na perna", contou Adriana. A bala atravessou sua perna esquerda, acima do joelho. Seu estado é estável.
Já Aryane disse para a mãe, a artesã Luciana Alves dos Santos, 40, que pensou que o som dos tiros era o barulho de escapamentos de motos. A bala se alojou perto da coluna da menina e foi retirada em cirurgia. Ela não corre risco de morte.
O policial sobrevivente e o informante foram presos por extorsão mediante sequestro.
Os dois supostos traficantes foram presos por tráfico. Um deles foi baleado durante o tiroteio e permanecia internado.
Nem Breslizek nem Pereira eram ou foram investigados pela Corregedoria. A Folha não localizou os advogados do policial preso e do informante.


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