São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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SP compra 340 t de pedras portuguesas, apesar de ter estoque

Com 70 mil m2 de peças tiradas da Paulista guardados há três anos, prefeitura gasta R$ 201 mil em nova licitação

Pedras serão usadas para manutenção de calçadões; prefeitura diz que antigas estão incrustadas de cimento

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo guarda há três anos as pedras de mosaico português retiradas na reforma das calçadas da avenida Paulista.
Mesmo assim, a Subprefeitura da Sé vai gastar R$ 201 mil para comprar 340 toneladas de pedras de mosaico português para manutenção dos calçadões do centro da cidade. O resultado da licitação foi publicado anteontem no "Diário Oficial" da cidade.
O material retirado da Paulista está armazenado em um depósito da Subprefeitura da Mooca. São cerca de 70 mil m2 de pedras, mais do que está sendo comprado. No mercado, se fossem novas, valeriam até R$ 2,8 milhões (cerca de R$ 40 o m2).
Em resposta à Folha, a subprefeitura informou que as pedras estão "incrustadas de cimento e outros materiais, o que inviabiliza a sua utilização para a manutenção dos calçadões".
O órgão informou ainda que a raspagem do material "seria mais dispendiosa do que uma nova compra". Mesmo assim, a subprefeitura diz que ainda estuda outros destinos para a futura utilização das pedras.
Técnicos consultados pela Folha, no entanto, disseram que, apesar dos custos de limpeza, é possível reaproveitar as pedras de mosaico português.
Shirlene de Moraes, empresária do ramo de pedras em Campinas, disse que é sempre possível reaproveitar o material. A única ressalva que ela faz é em relação a eventuais massas de cimento que possam haver na parte de cima das pedras.
"Se não tiver massa de cimento em cima, dá para reaproveitar. É só raspar do lado e embaixo. O colocador faz isso", afirmou.
Nildo Santos é colocador de mosaico português, além de ter uma loja para a venda das pedras. De acordo com ele, uma das formas de limpar o material é usando ácido muriático e esguichos de alta pressão.
"Você joga o ácido muriático, deixa um tempo para fazer efeito, e depois joga Wap [lavadora de alta pressão] com água que tira bastante coisa", explicou Santos.
Ele disse que não são todas as pedras que podem voltar a ser usadas. Algumas podem realmente estar incrustadas com cimento e daria muito trabalho limpar. Mas a maior parte do material sempre pode ser reaproveitado. "A pedra da Casa Cor, por exemplo, foi reaproveitada", afirmou.
São Paulo não instala mais mosaico português nas calçadas. O material permanece apenas onde ele já existia, mas um decreto de 2005, que estabeleceu regras para a construção de novas calçadas, proibiu o material.
No centro, as pedras não podem ser retiradas porque a região é tombada pelo patrimônio histórico.


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