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SP compra 340 t de pedras portuguesas, apesar de ter estoque
Com 70 mil m2 de peças tiradas da Paulista guardados há três anos, prefeitura gasta R$ 201 mil em nova licitação
Pedras serão usadas para manutenção de calçadões; prefeitura diz que antigas estão incrustadas de cimento
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo
guarda há três anos as pedras de mosaico português
retiradas na reforma das calçadas da avenida Paulista.
Mesmo assim, a Subprefeitura da Sé vai gastar R$ 201
mil para comprar 340 toneladas de pedras de mosaico
português para manutenção
dos calçadões do centro da
cidade. O resultado da licitação foi publicado anteontem
no "Diário Oficial" da cidade.
O material retirado da Paulista está armazenado em um
depósito da Subprefeitura da
Mooca. São cerca de 70 mil
m2 de pedras, mais do que está sendo comprado. No mercado, se fossem novas, valeriam até R$ 2,8 milhões (cerca de R$ 40 o m2).
Em resposta à Folha, a
subprefeitura informou que
as pedras estão "incrustadas
de cimento e outros materiais, o que inviabiliza a sua
utilização para a manutenção dos calçadões".
O órgão informou ainda
que a raspagem do material
"seria mais dispendiosa do
que uma nova compra". Mesmo assim, a subprefeitura diz
que ainda estuda outros destinos para a futura utilização
das pedras.
Técnicos consultados pela
Folha, no entanto, disseram
que, apesar dos custos de
limpeza, é possível reaproveitar as pedras de mosaico
português.
Shirlene de Moraes, empresária do ramo de pedras
em Campinas, disse que é
sempre possível reaproveitar
o material. A única ressalva
que ela faz é em relação a
eventuais massas de cimento que possam haver na parte de cima das pedras.
"Se não tiver massa de cimento em cima, dá para reaproveitar. É só raspar do lado
e embaixo. O colocador faz
isso", afirmou.
Nildo Santos é colocador
de mosaico português, além
de ter uma loja para a venda
das pedras. De acordo com
ele, uma das formas de limpar o material é usando ácido muriático e esguichos de
alta pressão.
"Você joga o ácido muriático, deixa um tempo para fazer efeito, e depois joga Wap
[lavadora de alta pressão]
com água que tira bastante
coisa", explicou Santos.
Ele disse que não são todas as pedras que podem
voltar a ser usadas. Algumas
podem realmente estar incrustadas com cimento e daria muito trabalho limpar.
Mas a maior parte do material sempre pode ser reaproveitado. "A pedra da Casa
Cor, por exemplo, foi reaproveitada", afirmou.
São Paulo não instala
mais mosaico português nas
calçadas. O material permanece apenas onde ele já existia, mas um decreto de 2005,
que estabeleceu regras para
a construção de novas calçadas, proibiu o material.
No centro, as pedras não
podem ser retiradas porque a
região é tombada pelo patrimônio histórico.
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