FELIPE CARUSO
DO RIO

Perdida entre os altos prédios do centro do Rio, a igreja de Santa Luzia deixará o estado atual de abandono.
Construído à beira-mar em 1752 -antes dos sucessivos aterros que fizeram desaparecer a praia que levava o nome da santa e alguns degraus de sua escada-, o templo sobreviveu ao desmonte do morro do Castelo e ao crescimento do Rio de Janeiro, mas sofre com a ação devastadora do tempo, dos cupins e também com a depredação.
Após dois anos de busca, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) conseguiu o patrocínio de quase R$ 1,7 milhão para a restauração do imóvel, tombado desde 1938.
A Vale vai financiar a obra, que deve durar um ano.
Na primeira fase da reforma, serão resolvidos problemas prioritários como infiltrações, descupinização e revisão elétrica e hidráulica.
O Iphan vai debater a possibilidade de a fachada da igreja voltar a ser azul, cor guardada na memória dos fiéis. Na fase seguinte, o instituto pretende iniciar a elaboração de um projeto para a conservação geral do monumento e a exposição de seu importante acervo.
Entre os mais de mil documentos e peças já catalogados, está uma imagem de santa Luzia trazida por Estácio de Sá em 1565.

OLHOS DA REALEZA
Apesar de pequena e modesta, a igreja de Santa Luzia, padroeira da visão, já recebeu as preces de reis.
Em 1817, dom João 6º mandou abrir a rua Santa Luzia para poder chegar à igreja e pagar a promessa pela cura de uma doença nos olhos do neto infante dom Sebastião.
Os becos estreitos que davam acesso ao local na época não eram largos o suficiente para a carruagem do príncipe regente, coroado rei no ano seguinte.
Há mais de 30 anos, outro rei visita a igreja de Santa Luzia todo o dia 13 de dezembro. No dia de santa, o cantor Roberto Carlos vai sempre rezar pelo filho Roberto Carlos Braga 2º- o Segundinho, ou Dudu-, que nasceu com problemas de visão.


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