São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003 |
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VIOLÊNCIA Trio alegou que queria o dinheiro roubado, R$ 360, para fazer compras de Natal; crime foi em Batatais, interior de SP Três jovens são acusados de matar taxista
KATIUCIA MAGALHÃES FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO Três jovens, entre eles uma garota de 15 anos, foram presos acusados de roubar e matar a pauladas o taxista José Geraldo Franzoni, 61, na madrugada da última terça-feira, em Batatais (353 km de São Paulo). Donizete Deucliciano Estevo, 19, T.S.S., 15, e a garota P.P.G., 16, confessaram o crime e disseram que queriam o dinheiro (R$ 360) para comprar roupas e presentes de Natal. O trio foi preso no final da tarde de anteontem, ao chegar de Ribeirão Preto com vários pacotes de roupas e sapatos. No dia do crime, eles já tinham sido levados à delegacia como suspeitos, mas negaram envolvimento e foram liberados. A adolescente P.P.G. contou que planejou a ação e convenceu o namorado, Estevo, e o amigo dele a matar o taxista para não serem reconhecidos. P. pegou, sozinha, o táxi na rodoviária da cidade e foi até o bairro Castelo encontrar os cúmplices. Os rapazes dominaram o taxista com uma corda, o colocaram no porta-malas do Corsa e o levaram para a zona rural. Enquanto estava no porta-malas, Franzoni recebeu uma ligação no celular. Era o cabo Eduardo Engel, da Polícia Militar, que tinha sido acionada pela família do taxista. O trio ouviu o celular, parou em uma fazenda e começou a procurar o telefone. O policial ouviu a ação dos assaltantes durante meia hora, período em que o telefone permaneceu ligado. Engel disse que escutou os gritos de socorro no momento em que o taxista estava sendo espancado pelos ladrões. A polícia saiu à procura do taxista na madrugada, mas o corpo, com parte do rosto queimada, só foi encontrado no dia seguinte. Os adolescentes contaram que recolheram os pertences do taxista e atearam fogo. Segundo Estevo, as chamas acabaram atingindo a cabeça da vítima. A garota, que mora com a mãe na periferia de Batatais, contou, friamente, como matou o taxista e disse que não adiantava se arrepender (leia texto nesta página). Quando a reportagem chegou à delegacia, a menina falou aos companheiros: "Aí, gente, vamos virar celebridades". Para o psicólogo da USP Ribeirão Sérgio Kodato, o comportamento da adolescente aponta uma infância com traumas. "Isso é fruto de uma educação muito reprimida ou abandonada. Ninguém nasce fria desse jeito. Maus-tratos na infância também levam a esse comportamento, com uma ausência de culpa." O delegado Adolfo Domingos da Silva Júnior, 43, disse que os menores serão encaminhados ao juiz da Vara da Infância e da Juventude e depois serão levados à Febem. Estevo ficará preso na Cadeia Pública da cidade. Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: "Não podíamos deixá-lo vivo" Índice |
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