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SEGURANÇA
Perfil de sequestradores muda após morte ou prisão de líderes; novas estratégias dificultam ação da polícia
"Segundo escalão" assume sequestros em SP
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem, eles só cumpriam ordens. Hoje, estão no comando.
Ex-integrantes do segundo e terceiro escalões de quadrilhas de sequestradores em São Paulo assumiram a liderança após a prisão
ou morte de seus antigos chefes.
Os integrantes dessa "nova geração" têm atuação mais limitada,
não agem em outros Estados como alguns de seus antecessores,
mas não são amadores, como a
maioria dos criminosos que
atuou na área durante a explosão
do número de sequestros em 2001
e em 2002. Suas novas estratégias
-como diminuir os contatos
com a família e usar telefones clonados por um período curto-
têm dificultado a ação da polícia.
Em um ano e meio, a lista dos
sequestradores mais procurados
da DAS (Divisão Anti-Sequestro)
de São Paulo mudou completamente. Eles foram presos ou mudaram de crime. Só que, no lugar,
surgiram novos líderes, que continuam fazendo sequestros, mas
em menor número -o quarto
trimestre deste ano registrou 26
sequestros até agora, contra 52 casos no mesmo período de 2002.
Hoje, os "cabeças" chegam a
cerca de 15 homens, diz o diretor
da DAS, Wagner Giudice (quadro
acima fornece dados sobre nove
deles). Um dos exemplos de alteração na liderança, segundo a
DAS, é o grupo comandado anos
atrás por Alessandro Lima da Silva, 20, o Bingolau, e Edson da Silva Fraga, 22, o Dinho. Suspeitos
de comandar mais de 20 sequestros na zona sul da capital paulista, os dois foram mortos em um
confronto com a polícia, em 2001.
Na época, Reginaldo Meira Santos, o Régis, e Osmir Donizete
Grigoletto, o Osni, eram apenas
integrantes do segundo e terceiro
escalões da mesma quadrilha, sediada em Diadema (Grande SP).
Atualmente, Régis, 24, e Osni,
31, tornaram-se líderes de uma
das quadrilhas mais ativas no Estado em relação ao número de sequestros -fazem vários, com valores de resgate menores, para garantir a rotatividade.
O grupo sempre tem alguém em
cativeiro, segundo o delegado
Carlos Castiglioni, da 1ª Delegacia
da DAS. "Alguns dias antes de libertar o refém, eles capturam outro e usam o mesmo cativeiro."
Wodson Carlos Pio de Lima, 26,
conhecido como Pio ou Café,
também aprendeu a sequestrar
com o antigo líder de sua quadrilha. Gilmar Santos Neves, o Mancha, foi preso em 2002.
Segundo a DAS, Pio assumiu a
quadrilha e continua atuando na
zona leste de São Paulo e em municípios da região metropolitana,
como Arujá e Santa Isabel.
Eliezer Ferreira Viana Júnior, o
Alemão, 34, foi outro procurado
que só apareceu na lista da DAS
após Eduardo Souza Benevenuto
Filho, 22, o Gordinho, ser preso
neste ano. Gordinho liderava o
grupo que atuava em sequestros,
roubos e sequestros relâmpagos
na zona sul da capital paulista.
Segundo a DAS, esses novos líderes trouxeram mudanças em
relação aos seus chefes. "Os sequestros estão mais longos, os sequestradores estão estudando
melhor as suas vítimas e os contatos com a família diminuíram. Os
criminosos estão mais cautelosos
e mais cruéis", disse Giudice.
No sequestro resolvido na última terça-feira, um jovem de 17
anos teve o dedo decepado e enviado para sua família.
A quadrilha de Odair Francisco
de Morais, 29, o Gardenal, também é considerada violenta pela
polícia. O grupo costuma gravar
imagens do refém no cativeiro e
enviar para a família. "Há casos
em que as vítimas foram espancadas no cativeiro", disse Giudice.
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