São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 2005

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VIOLÊNCIA

Instituição nega que crime tenha ocorrido em clube

Seguranças são suspeitos de ligação com morte de jovem em festa no Rio

CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DO RIO

A Polícia do Rio investiga se a morte do jovem Ângelo Pereira de Souza, 23, envolve os responsáveis pela segurança da festa universitária que acontecia na piscina e no mezanino do Bangu Atlético Clube, na madrugada de domingo. Ele foi morto com três tiros, dados a curta distância, nas proximidades do clube.
As primeiras informações sobre a morte do jovem, relatadas à família pelo amigo da vítima e testemunha do caso Pedro Henrique Casulo, 20, indicavam que Souza teria sido espancado e jogado do segundo andar da festa por seguranças do evento, depois que um copo de vinho caiu em um deles. A festa, uma comemoração de fim de ano, tinha sido organizada por alunos da universidade Estácio de Sá, onde a vítima havia cursado alguns semestres da graduação em Educação Física.
"Ele, que começaria hoje (ontem) a trabalhar em vans para juntar dinheiro para retomar seus estudos, foi espancado, arremessado do mezanino e morto por seguranças da festa mesmo depois de ter dito que não tinha jogado vinho nenhum em ninguém. Isso foi o que o Pedro, que é nosso vizinho, estava na festa e anda escondido por medo de represálias, nos contou", disse o comerciante Anderson Pereira de Souza, 30, primo do jovem morto.
Segundo a delegada Márcia Julião, da 34ª DP (Bangu), o laudo dos peritos do Instituto Médico Legal (IML) não mostra espancamento ou queda. Indica que a causa da morte foi uma fratura na quinta vértebra da coluna cervical e uma secção na medula óssea, ambos provocados pelos tiros que atingiram o rosto de Souza.
"Minha equipe apreendeu duas cápsulas com jaquetas douradas, que indicam que o tiro veio de uma pistola, a cerca de 150 metros do clube, na parte de trás dele. Isso nos faz acreditar que Souza foi morto na rua e não dentro do clube. Por terem sido achados vestígios de pólvora no rosto dele, concluímos que os disparos foram feito bem de perto", afirmou a delegada.
O presidente do Bangu Atlético Clube, Ângelo Marques, foi ouvido hoje pela polícia e afirma que o clube não registrou nenhum tipo de tumulto durante toda a festa universitária.
"Essa morte não aconteceu dentro do clube. Foi tudo do lado de fora, depois das 4h, quando fechamos nossas portas. A festa da Estácio terminou tranqüilamente, e os três funcionários que estavam lá cuidando do patrimônio do clube não viram tumulto nenhum. Eu mesmo só tomei conhecimento do caso no domingo à tarde", afirmou.
Marques afirma também que ninguém trabalha ou consegue entrar armado no Bangu. Segundo ele, quando há festas, sempre se faz revista na porta, seja por funcionários do próprio clube ou pelos responsáveis pelo evento.
Os organizadores da festa não foram encontrados pela reportagem para comentar o caso.


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