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Bônus não eleva proporção de carentes na 2ª fase da Fuvest
Número de alunos de escola pública cresceu, mas perfil socioeconômico não mudou
Projeto só privilegiou a
classe média que está na
escola pública, diz Educafro;
para USP, programa teve
pouca divulgação
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O bônus a alunos de escola
pública no vestibular da USP
aumentou a participação desses estudantes entre os aprovados para a segunda fase, mas
não elevou a proporção de candidatos carentes socioeconomicamente entre os aprovados.
Segundo dados da Fuvest
(fundação que aplica a prova), a
aprovação de alunos de escola
pública cresceu 20,1% neste
ano em relação ao último processo seletivo. Pela primeira
vez, esses candidatos ganharam um bônus, de 3%, na nota.
Se forem excluídos os treineiros do cálculo, o crescimento sobe para 29,9%.
Essa elevação, porém, praticamente não significou alteração no perfil socioeconômico
dos vestibulandos aprovados.
Na prova passada, 22% dos
classificados para a segunda fase tinham renda familiar mensal de até R$ 1.500 (menor faixa
considerada). Neste ano, foram
22,5% (variação de 2,3%).
Outros indicadores também
variaram abaixo dos 29,9% de
crescimento da escola pública:
a proporção de estudantes que
trabalham aumentou 10,4%, e
de negros e pardos, 12,4%.
Crítica
"Ocorreu o que já prevíamos.
O pacote da USP só privilegiou
a classe média que está na escola pública", disse o coordenador da ONG Educafro (que oferece cursinhos a alunos de baixa renda), frei Davi Santos. "As
ações precisam beneficiar claramente pobres e negros. O
projeto da USP é insuficiente."
O Inclusp, programa que prevê o bônus, diz que pretende
"dar sua contribuição à tarefa
nacional de superação da desigualdade que tão fortemente
marca a sociedade brasileira".
O projeto foi lançado em maio.
A pró-reitora de graduação
da USP, Selma Garrido Pimenta, afirma que o programa da
universidade contou com pouco tempo de divulgação e, por
isso, "deve ter atraído os alunos
de escola pública que já possuíam maior expectativa de
aprovação, que, em geral, são os
de condições socioeconômicas
mais favoráveis".
Segundo ela, com os anos, os
estudantes mais pobres passarão a conhecer melhor o programa e deverão ter maior interesse pelo vestibular. Estudo
feito pela própria universidade
em 2005 mostra que em 45%
das escolas estaduais de São
Paulo é baixo o interesse por
assuntos relacionados à USP.
Sobre o resultado dos alunos
de escola pública na segunda
fase, a pró-reitora afirma que
"superou as expectativas". Na
previsão mais pessimista, a instituição esperava que se classificassem mil alunos a mais dessa rede em relação ao ano passado. Os dados da Fuvest mostram que foram mais de 3.000.
A principal meta da universidade com o bônus é que a proporção de alunos da rede pública suba para 30% dos aprovados na lista final. No último
exame, o número foi de 23,6%.
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