|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em pane, avião da TAM teve que ser guiado "às cegas"
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Boa noite, bom pouso." Assim terminou o tenso diálogo
entre controladores de tráfego
aéreo e os pilotos do vôo 3073
da TAM, que perdeu seu sistema de navegação no ar e precisou ser guiado "às cegas" para
conseguir pousar no aeroporto
mais próximo, em Curitiba, na
noite da última sexta-feira.
A 28 mil pés (8.534 quilômetros) de altura e sob turbulência, o Fokker 100 da TAM perdeu seu sistema de navegação
quando sobrevoava a região de
Bauru, no trajeto Brasília-Florianópolis. Os pilotos pediram
então a ajuda do Cindacta-2, às
22h19, para guiar a aeronave
até o pouso, às 23h13.
A assessoria de imprensa da
TAM confirmou o incidente,
mas não informou quais equipamentos falharam ou o motivo da pane. Disse que o Fokker
fez um pouso seguro e teve dois
componentes eletrônicos trocados em Curitiba antes de ser
liberado para vôo.
Apesar de informar que o
avião contava com as devidas
redundâncias -duplicação de
todos os equipamentos-, não
houve esclarecimentos, por
parte da assessoria, sobre a situação de fato na cabine.
Diálogos
Trechos da conversa entre os
pilotos e dois controladores de
Curitiba mostram a dificuldade
dos pilotos para manter o avião
na proa de Curitiba, isto é, alinhar o avião corretamente no
rumo desejado.
Os pilotos avisam que o sistema de navegação está "degradado", sem fazer menção ao sistema reserva. São orientados a
fazer "vetores sem giro", isto é,
virar o avião sem o sistema de
giro direcional da aeronave.
Eles recebem instrução de
início e fim de curvas meia padrão, um giro padronizado que
completa 360º em dois minutos, realizado sem consultar a
bússola magnética, apenas
guiado pelo horizonte, segundo
especialistas.
O incidente é considerado
grave na aviação -ficar sem o
sistema de navegação implica
"dirigir às cegas" porque o piloto não tem mais o senso preciso
da rota que segue.
Em seu site, a TAM explica
que "o Fokker 100 pode navegar com precisão sem o piloto".
"Esse avião possui três sistemas de navegação inercial, a laser, que computam qualquer
deslocamento e aceleração em
todas as direções, com muita
sensibilidade", diz a empresa.
Ou seja, o avião faz sozinho
os ajustes necessários, por
exemplo, por causa do efeito do
vento. Na última sexta-feira, o
Fokker 100 precisou de seu piloto e dois controladores para
fazer esse trabalho.
Por meio dos dados do radar
secundário, o controle aéreo ficou por mais de meia hora
orientando os giros à direita e à
esquerda dos pilotos, que trabalhavam apenas com rádio,
bússola magnética e manche
para corrigir a proa.
De acordo com informações
da TAM, o incidente não representou riscos para os passageiros do vôo.
Texto Anterior: Final de ano será tranqüilo, prevê a Anac Próximo Texto: Justiça: Liminar beneficia líder da Renascer Índice
|