São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Deputados ampliam usinas no Pantanal

Proposta, aprovada pela Assembléia do MS, recebeu parecer contrário da ministra Marina Silva; governador deve sancionar

Em 2005, ao protestar contra a tentativa de mudar a lei, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros ateou fogo ao corpo e morreu

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Apesar de um parecer contrário da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), a Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul aprovou ontem a ampliação de usinas de álcool instaladas no entorno do Pantanal, modificando uma lei de 1982.
Em novembro de 2005, ao protestar contra a tentativa de mudar a lei, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, 65, conhecido como Franselmo, ateou fogo ao corpo e morreu. Na época, o governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, apoiou o projeto, que foi rejeitado após a morte de Franselmo.
O ex-secretário de Produção de Zeca do PT e deputado estadual, Dagoberto Nogueira (PDT), propôs em agosto nova alteração na lei, desta vez com vitória na Assembléia.
O projeto aprovado, que deve ser sancionado pelo governador, prevê a ampliação das usinas que já estavam instaladas na bacia do Alto Paraguai antes de 1982. Existem apenas duas destilarias na região, uma em Sonora e outra em Sidrolândia.
A ministra enviou ao deputado Semy Ferraz (PT) um parecer contrário ao projeto aprovado ontem. O parecer jurídico diz que resolução de 1985 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) mantém proibida a concessão de licença ambiental tanto para instalação de novas destilarias como para ampliação de antigas.
"É um grande retrocesso na preservação ambiental do Pantanal", afirmou o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Onevan de Matos (PDT). O presidente da ONG Ecoa, Alessandro Menezes, afirmou que os ambientalistas vão entrar na Justiça contra a decisão da Assembléia. Um estudo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado aponta que usinas de álcool comprometem a qualidade da água dos rios na bacia.
O deputado Nogueira recebeu legalmente em sua campanha R$ 333 mil -33,6% do total arrecadado- de destilarias de álcool, sendo R$ 95 mil da usina de Sonora. "Lógico que não tem [ligação entre a doação e o projeto na Assembléia]. Sempre fiz a coisa em favor do Estado", afirmou. Na usina Sonora, a secretária informou que todos os diretores estão em férias.


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