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Às vésperas do Natal, chuva faz dobrar o congestionamento
Lentidão nas ruas de São Paulo chegou a 180 km às 16h30,
quando a média prevista para esse horário é a metade
Trânsito já carregado do mês de dezembro piorou
mais com vias alagadas e interditadas; Congonhas
teve que restringir pousos
RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
FILIPE MARCEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas do Natal, a chuva
que atingiu São Paulo ontem
atrapalhou os planos de quem
tirou o dia para ir às compras. A
precipitação, recorde para um
único dia, e os conseqüentes
alagamentos espalhados pelas
vias deram um nó em um trânsito já carregado no mês de dezembro por causa dos deslocamentos dos consumidores pela
cidade. Resultado: ruas e avenidas completamente entupidas.
A administradora de empresas Rosa Resegue, 48, foi uma
das vítimas. Ela levou mais de
40 minutos para atravessar, de
carro, dois quarteirões -de sua
casa até a entrada do Shopping
Pátio Higienópolis, na região
central da cidade.
"Este é sem dúvida o pior dia
desde que comecei a fazer as
compras de Natal, no começo
de dezembro", afirmou. "É um
caos. O trânsito já é ruim nesta
época. Agora, com essa chuva,
tudo ficou pior", disse.
A vendedora Patrícia Ferreira, 28, calçando sandália, sem
guarda-chuva disponível e exibindo uma gravidez de sete meses, esperava a chuva passar
-desde as 13h40.
"Perdi o horário da consulta
médica, que estava marcada
para as 15h40. Eu tinha que estar no Jabaquara [zona sul],
mas já são quase 15h30 e eu
ainda estou aqui. Acho que vou
na chuva mesmo", disse.
Engarrafamento
As medições do CGE (Centro
de Gerenciamento de Emergências) indicaram que, da 0h
às 19h, choveu na cidade 30,8%
do previsto para o mês todo
-recorde no ano para um único dia. O resultado foi um congestionamento que chegou a
180 km às 16h30, o dobro da
média para o horário.
A estoquista Clécia Alves Pereira, 32, sentiu na pele a situação. "Demorei três horas da
avenida Aricanduva [zona leste] até aqui, de carro", disse,
lembrando que faz sempre o
mesmo trajeto até o shopping
de Higienópolis, na região central, em menos de uma hora.
Ela chegou correndo, enquanto tentava se proteger da
chuva e "extremamente atrasada para o trabalho".
Na rua 25 de Março, um dos
centros de comércio popular de
São Paulo, a chuva atrapalhou o
vaivém dos consumidores. Os
vendedores ambulantes, porém, eram só sorrisos. "Olha a
capa de chuva, olha o guarda-chuva. Vai acabar", gritavam.
Entre eles estava Everton
Deodato, 22. Ele comemorava
por ter saído de casa de manhã
levando 20 guarda-chuvas embaixo do braço. "Quando percebi que ia chover, deixei as canetas que sempre vendo para faturar com guarda-chuva."
Deu tão certo que, no meio da
tarde, pegou mais 20 unidades
e às 18h tinha vendido quase tudo. "Nem precisei baixar o preço", contou. O modelo "grande"
custava R$ 20.
Gilmar dos Santos, 20, outro
ambulante na região, trocou
ontem o feijão e a vagem a granel pelas capas de chuva (de
plástico, por R$ 2). "Não levou
nem uma hora e eu já tinha
vendido todas as 50 capas que
trouxe dentro da sacola".
Para Santos, o guarda-chuva
e a capa só perderam ontem para o milho cozido e outros alimentos rápidos oferecidos nas
barracas espalhadas pela rua.
Alagamentos
O saldo da chuva foram 47
alagamentos -quatro intransitáveis-, a interdição temporária de um trecho da marginal
Tietê e da av. Aricanduva e o
transbordamento dos córregos
Pirajussara (zona sul) e Aricanduva (leste). São Bernardo do
Campo (Grande São Paulo),
também teve ruas alagadas.
Os aeroportos também foram afetados pela chuva. Congonhas (zona sul) restringiu os
pousos das 13h50 às 14h28.
Cumbica (Guarulhos) operou
por instrumentos.
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