São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Às vésperas do Natal, chuva faz dobrar o congestionamento

Lentidão nas ruas de São Paulo chegou a 180 km às 16h30, quando a média prevista para esse horário é a metade

Trânsito já carregado do mês de dezembro piorou mais com vias alagadas e interditadas; Congonhas teve que restringir pousos

RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

FILIPE MARCEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas do Natal, a chuva que atingiu São Paulo ontem atrapalhou os planos de quem tirou o dia para ir às compras. A precipitação, recorde para um único dia, e os conseqüentes alagamentos espalhados pelas vias deram um nó em um trânsito já carregado no mês de dezembro por causa dos deslocamentos dos consumidores pela cidade. Resultado: ruas e avenidas completamente entupidas.
A administradora de empresas Rosa Resegue, 48, foi uma das vítimas. Ela levou mais de 40 minutos para atravessar, de carro, dois quarteirões -de sua casa até a entrada do Shopping Pátio Higienópolis, na região central da cidade.
"Este é sem dúvida o pior dia desde que comecei a fazer as compras de Natal, no começo de dezembro", afirmou. "É um caos. O trânsito já é ruim nesta época. Agora, com essa chuva, tudo ficou pior", disse.
A vendedora Patrícia Ferreira, 28, calçando sandália, sem guarda-chuva disponível e exibindo uma gravidez de sete meses, esperava a chuva passar -desde as 13h40.
"Perdi o horário da consulta médica, que estava marcada para as 15h40. Eu tinha que estar no Jabaquara [zona sul], mas já são quase 15h30 e eu ainda estou aqui. Acho que vou na chuva mesmo", disse.

Engarrafamento
As medições do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) indicaram que, da 0h às 19h, choveu na cidade 30,8% do previsto para o mês todo -recorde no ano para um único dia. O resultado foi um congestionamento que chegou a 180 km às 16h30, o dobro da média para o horário.
A estoquista Clécia Alves Pereira, 32, sentiu na pele a situação. "Demorei três horas da avenida Aricanduva [zona leste] até aqui, de carro", disse, lembrando que faz sempre o mesmo trajeto até o shopping de Higienópolis, na região central, em menos de uma hora.
Ela chegou correndo, enquanto tentava se proteger da chuva e "extremamente atrasada para o trabalho".
Na rua 25 de Março, um dos centros de comércio popular de São Paulo, a chuva atrapalhou o vaivém dos consumidores. Os vendedores ambulantes, porém, eram só sorrisos. "Olha a capa de chuva, olha o guarda-chuva. Vai acabar", gritavam.
Entre eles estava Everton Deodato, 22. Ele comemorava por ter saído de casa de manhã levando 20 guarda-chuvas embaixo do braço. "Quando percebi que ia chover, deixei as canetas que sempre vendo para faturar com guarda-chuva."
Deu tão certo que, no meio da tarde, pegou mais 20 unidades e às 18h tinha vendido quase tudo. "Nem precisei baixar o preço", contou. O modelo "grande" custava R$ 20.
Gilmar dos Santos, 20, outro ambulante na região, trocou ontem o feijão e a vagem a granel pelas capas de chuva (de plástico, por R$ 2). "Não levou nem uma hora e eu já tinha vendido todas as 50 capas que trouxe dentro da sacola".
Para Santos, o guarda-chuva e a capa só perderam ontem para o milho cozido e outros alimentos rápidos oferecidos nas barracas espalhadas pela rua.

Alagamentos
O saldo da chuva foram 47 alagamentos -quatro intransitáveis-, a interdição temporária de um trecho da marginal Tietê e da av. Aricanduva e o transbordamento dos córregos Pirajussara (zona sul) e Aricanduva (leste). São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), também teve ruas alagadas.
Os aeroportos também foram afetados pela chuva. Congonhas (zona sul) restringiu os pousos das 13h50 às 14h28. Cumbica (Guarulhos) operou por instrumentos.


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