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Alunos de medicina gritam "justiça" durante formatura
Reitor da Universidade Estadual de Londrina criticou estudantes, flagrados ao invadir hospital durante festa
Alunos da UEL conseguiram na Justiça o direito de se formar; colegas blindaram formandos para evitar que eles fosse identificados
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
"Blindados" por familiares e
pelos colegas do curso, os 14 estudantes de medicina da UEL
(Universidade Estadual de
Londrina) que haviam sido suspensos após promoverem uma
farra no hospital universitário
se formaram ontem em uma
cerimônia rápida, que terminou com gritos de protesto.
Antes mesmo da entrada dos
estudantes no anfiteatro do
Hospital Universitário, onde
ocorreu a diplomação, a preocupação em "blindar" os formandos era evidente. Os estudantes conseguiram na Justiça
o direito de se formarem.
A coordenadora do Colegiado de Medicina, Evelin Muraguchi, se desculpava com amigos e parentes dos estudantes
pela presença da imprensa. "É
uma cerimônia pública. Vamos
tentar que seja a mais indolor
possível", dizia aos estudantes.
Outra estratégia foi a de que a
beca não fosse usada na formatura, já que os alunos que haviam se formado uma semana
antes não estavam com elas. A
maioria dos 82 formados no dia
12 compareceu ao ato em solidariedade aos 14 formandos.
A cerimônia de formatura
durou menos de 15 minutos. No
momento do juramento, parentes, amigos e estudantes já
diplomados se levantaram na
tentativa de evitar que os 14
formandos fossem identificados pelos jornalistas.
Na entrega dos diplomas, um
médico, não identificado, chamou parentes e amigos para
uma aglomeração. "Vamos embolar. Todo mundo embola
junto", gritava. Outros parentes se colocavam na frente das
câmeras dos cinegrafistas.
Constrangido, o reitor Wilmar Marçal encerrou o ato na
entrega dos diplomas. A turma
de formandos resolveu comemorar aos gritos de "justiça".
A comemoração irritou o reitor. "Houve justiça na ótica deles, mas não na da sociedade,
que condenou e condena atitudes desse tipo", disse Marçal.
O reitor afirmou que a decisão do juiz Mário Nini Azzolini,
da 5ª Vara Cível, de permitir a
colação acabou com o processo
administrativo disciplinar contra os estudantes. "Mas que os
14 identificados fiquem alertas.
Se ingressarem em residência
médica ou em pós-graduação
na UEL, os processos serão automaticamente reabertos."
Marçal aumentou o tom de
voz ao falar com a imprensa para ser ouvido pelos estudantes.
Ele reiterou que ainda há um
boletim circunstanciado registrado pelo diretor-clínico do
Hospital Universitário, Marcos
Camargo, na Polícia Civil.
"Acabou o processo administrativo, mas a queixa na polícia
pode virar inquérito. Espero
que a vida os ensine a ser profissionais. Espero também que
eles reflitam sobre o que fizeram. Falta ainda o arrependimento público e o pedido de
perdão aos pacientes do HU,
coisa que nenhum deles ainda
fez", disse Marçal.
No dia 20 de novembro, para
comemorar o fim do curso, um
grupo de estudantes invadiu o
saguão do HU. Com rojões,
sprays de espuma e bebidas alcoólicas, os alunos causaram
pânico no local. No fim, 14 foram identificados por câmeras.
Nenhum dos formandos quis
falar com a reportagem.
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