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Para ex-ministro da Justiça, punição foi "draconiana"
JAMES CIMINO
DA REDAÇÃO
Os 54 dias em que a gaúcha
Caroline Pivetta da Mota ficou
presa são considerados, na opinião de especialistas ouvidos
pela Folha, uma penalidade
excessiva e equivocada.
"Ainda que ela fosse a primeira pichadora de São Paulo,
não há justificativa para tamanho rigor. A impressão que dá é
que ela foi pega como bode expiatório, e isso extrapola os limites da lei", diz o ex-ministro
da Justiça do governo Fernando Henrique José Gregori, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Cidade de SP.
Para ele, "a Justiça foi de
uma severidade draconiana".
Opinião semelhante tem o
advogado David Rechulski, especialista em crimes ambientais: "É claro que ela cometeu
um ato criminoso, mas essa
conduta caracteriza um crime
de menor potencial ofensivo".
Segundo ele, a denúncia contra ela está tipificada erroneamente. "De acordo com a denúncia feita pela Promotoria, o
crime cometido por ela fere o
artigo 62 da lei 9.605, que versa
sobre destruição de bem protegido por lei. No entanto, há um
artigo específico sobre pichação, o 65, na mesma lei e cuja
punição é bem mais branda."
Rechulski diz que "é um absurdo" a jovem permanecer
tanto tempo presa. "Seria mais
apropriado que ela fosse condenada a pintar as pichações da
Bienal, já que a finalidade da
pena é não apenas ser punitiva
mas também educativa."
Além disso, diz o advogado,
"ela não é uma criminosa violenta que deva ser segregada da
sociedade e exposta à influência de criminosos de alta periculosidade em um presídio".
A reportagem entrou em
contato com o Ministério Público Estadual, mas a promotora responsável pelo caso da jovem não foi localizada até o fechamento desta edição.
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