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ADMINISTRAÇÃO
No ano de estréia da descentralização, governos locais controlarão 12% do Orçamento e 1.005 cargos em comissão
Subprefeituras absorvem R$ 1,2 bilhão
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
As 31 subprefeituras paulistanas
comandarão em 2003 -ano de
estréia da descentralização administrativa e financeira proposta
pelo governo petista- 12% do
Orçamento de São Paulo. Ou seja:
da receita de R$ 10,594 bilhões,
cerca de R$ 1,2 bilhão ficarão nas
mãos dos 31 subprefeitos.
O montante equivale ao triplo
dos R$ 396,5 milhões previstos
para as 31 subprefeituras na peça
orçamentária aprovada pela Câmara Municipal, na qual só aparece a corriqueira verba de manutenção para poda de árvores, tapa-buraco etc., que já era destinada às antigas administrações regionais (veja quadro ao lado).
O cenário orçamentário será radicalmente alterado nos próximos dias por decretos da prefeita
Marta Suplicy (PT), que passarão
recursos de seis secretarias para as
subprefeituras. Alguns desses decretos já estão sendo redigidos,
conforme informou à Folha o secretário das Subprefeituras, Antonio Donato. E devem ser publicados até o final deste mês.
O dinheiro que irá para as subprefeituras sairá das secretarias de
Educação, Saúde, Cultura, Assistência Social, Esportes e Meio
Ambiente, as primeiras a iniciarem a descentralização de suas
verbas e atividades. Junto com ele
passarão às subprefeituras a manutenção de postos de saúde, escolas, parques, bibliotecas etc..
Também nos próximos dez
dias, de acordo com Donato, serão nomeados pelos subprefeitos
os 217 ocupantes das novas coordenadorias de área -são sete
pessoas por subprefeitura para
comandar as iniciativas de ação
social e desenvolvimento, planejamento, manutenção e infra-estrutura, projetos e obras novas,
educação, saúde e finanças.
A única exigência é que os coordenadores de saúde e obras sejam
profissionais das respectivas
áreas. Marta chegou a vetar essa
restrição, mas o veto -questionado na Justiça pela oposição-
foi derrubado pela Câmara na última sessão do ano passado.
Até ontem 2.224 servidores haviam se candidatado a esses cargos, mas não há nenhuma obrigatoriedade de os subprefeitos os
aproveitarem para as funções.
Exército de cargos
Dinheiro e controle sobre a nomeação para uma infinidade de
cargos são as duas principais facetas do poder que passa a ser concentrado nas subprefeituras.
Com as coordenadorias, cabe
oficialmente aos subprefeitos nomear 1.005 dos 9.000 cargos em
comissão existentes na administração direta -20% deles de livre
provimento, para os quais o escolhido não precisa ser servidor.
Esse exército de cargos sob controle do poder local surgiu com a
aprovação da lei 13.399/2002, que
criou a estrutura das subprefeituras e flexibilizou centenas de funções, fazendo com que vários postos destinados a funcionários
concursados passassem a poder
ser preenchidos por indicados.
Em salário, são R$ 2 milhões
mensais nas mãos dos subprefeitos, que ganham menos de R$
6.000 para administrar suas regiões. Dos 31 titulares das subprefeituras, nove acabaram de assumir. Na linguagem do governo
petista, a troca de nomes serviu
para fazer "acomodações na base
de sustentação do governo". Ou
seja: vereadores aliados puderam
indicar subprefeitos para garantir
ao governo maioria na Câmara.
Nas próximas nomeações, a
prefeitura quer que outras forças
políticas regionais sejam contempladas, narraram à Folha membros do alto escalão petista. A intenção de pulverizar os cargos é
conjugar duas coisas que parecem
inconciliáveis: a satisfação dos
aliados e a tentativa de impedir
que as subprefeituras se consolidem como grandes feudos dentro
da máquina pública.
Colaborou ARMANDO PEREIRA FILHO,
da Reportagem Local
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