São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Médico suspeitou da doença ao mulher relatar ter alimentado macacos no MS

DA REPORTAGEM LOCAL

Dia 6 de janeiro, 14h28. Uma mulher dá entrada na unidade Morumbi do Hospital São Luiz (SP) com febre, náuseas, vômitos e mal-estar. Os sintomas poderiam sugerir uma virose, mas assim que relatou que no final do ano estivera em Bonito (MS), e lá havia alimentado macacos em um parque ecológico, o plantonista ficou em alerta.
Dias antes, toda a equipe do PS do hospital tinha sido avisada sobre os primeiros casos suspeitos de febre amarela em Goiás. O São Luiz nunca havia atendido um caso da doença.
Uma hora após a entrada da paciente no PS, os primeiros exames laboratoriais já mostravam que o nível das enzimas do fígado da paciente estava nove vezes acima do esperado e ela foi internada. Nos casos mais benignos, essas enzimas ficam abaixo de mil unidades, enquanto nos mais graves ultrapassam o dobro ou o triplo.
"Era um sofrimento hepático muito grande, mas em nenhum momento ela perdeu as funções [hepáticas]. Mas podia evoluir para [hepatite] fulminante a qualquer momento", lembra a infectologista Maria Cláudia de Almeida, que acompanhou o caso, o primeiro na sua carreira de 12 anos.
Enquanto aguardava os resultados do exame para febre amarela e dengue, feito pelo Instituto Adolfo Lutz, a paciente foi hidratada, teve a glicemia monitorada e recebeu vitamina K porque apresentava alteração em alguns fatores da coagulação, diz Almeida.
Quando o caso foi confirmado, em cinco dias, os exames clínicos já estavam quase normais. "Mesmo assistindo pela TV a repercussão do caso, não houve descontrole porque ela se sentia bem." A mulher teve alta na última quarta e não quer falar sobre o assunto. Ela foi uma das quatro pessoas que sobreviveram à doença neste ano.
O médico Sebastião César Vasconcellos, diretor clínico do hospital, diz ser fundamental um treinamento da equipe do pronto-socorro para suspeitar da doença, pedir os exames iniciais (hemograma, enzimas hepáticas e função renal) e adotar as medidas de suporte clínico.
Para Almeida, não é possível afirmar que a paciente sobreviveu graças ao atendimento, apesar de reconhecer que as medidas iniciais são fundamentais. Ela diz que a carga viral e o estado de saúde prévio do doente também influenciam na evolução do caso. (CC)


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