|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Médico suspeitou da doença ao mulher relatar ter alimentado macacos no MS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dia 6 de janeiro, 14h28. Uma
mulher dá entrada na unidade
Morumbi do Hospital São Luiz
(SP) com febre, náuseas, vômitos e mal-estar. Os sintomas
poderiam sugerir uma virose,
mas assim que relatou que no
final do ano estivera em Bonito
(MS), e lá havia alimentado macacos em um parque ecológico,
o plantonista ficou em alerta.
Dias antes, toda a equipe do
PS do hospital tinha sido avisada sobre os primeiros casos
suspeitos de febre amarela em
Goiás. O São Luiz nunca havia
atendido um caso da doença.
Uma hora após a entrada da
paciente no PS, os primeiros
exames laboratoriais já mostravam que o nível das enzimas
do fígado da paciente estava
nove vezes acima do esperado e
ela foi internada. Nos casos
mais benignos, essas enzimas
ficam abaixo de mil unidades,
enquanto nos mais graves ultrapassam o dobro ou o triplo.
"Era um sofrimento hepático
muito grande, mas em nenhum
momento ela perdeu as funções [hepáticas]. Mas podia
evoluir para [hepatite] fulminante a qualquer momento",
lembra a infectologista Maria
Cláudia de Almeida, que acompanhou o caso, o primeiro na
sua carreira de 12 anos.
Enquanto aguardava os resultados do exame para febre
amarela e dengue, feito pelo
Instituto Adolfo Lutz, a paciente foi hidratada, teve a glicemia
monitorada e recebeu vitamina
K porque apresentava alteração em alguns fatores da coagulação, diz Almeida.
Quando o caso foi confirmado, em cinco dias, os exames
clínicos já estavam quase normais. "Mesmo assistindo pela
TV a repercussão do caso, não
houve descontrole porque ela
se sentia bem." A mulher teve
alta na última quarta e não quer
falar sobre o assunto. Ela foi
uma das quatro pessoas que sobreviveram à doença neste ano.
O médico Sebastião César
Vasconcellos, diretor clínico do
hospital, diz ser fundamental
um treinamento da equipe do
pronto-socorro para suspeitar
da doença, pedir os exames iniciais (hemograma, enzimas hepáticas e função renal) e adotar
as medidas de suporte clínico.
Para Almeida, não é possível
afirmar que a paciente sobreviveu graças ao atendimento,
apesar de reconhecer que as
medidas iniciais são fundamentais. Ela diz que a carga viral e o estado de saúde prévio
do doente também influenciam
na evolução do caso.
(CC)
Texto Anterior: Alerta médico foi tardio para 4 mortos por febre amarela Próximo Texto: Da zona norte à sul, Rio faz ato de boicote ao IPTU Índice
|