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Bar é multado por oferecer pílula do dia seguinte em cardápio
Estabelecimento de Maceió oferecia também antiácidos e analgésicos, que só podem ser vendidos em farmácias
Vigilância Sanitária aplicou multa de R$ 298 e, em caso de reincidência, o bar pode ser interditado; dono diz que era só uma brincadeira
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Além da tradicional dupla
cerveja e espetinho, um bar em
Maceió (AL) oferecia no cardápio comprimidos de antiácidos
e analgésicos e unidades da pílula do dia seguinte, que só pode ser vendida com prescrição.
Uma blitz da Vigilância Sanitária realizada anteontem encontrou cardápios onde eram
oferecidos os medicamentos,
com os respectivos preços.
Segundo a Vigilância Sanitária de Maceió, a venda de remédios, mesmo os que não exijam
prescrição médica, só pode ser
feita por farmácias e drogarias.
O estabelecimento foi multado pelo órgão em R$ 298. Em
caso de reincidência, o bar pode
ser interditado.
"O mais grave é a banalização
da pílula do dia seguinte, que só
deve ser usada em situações
emergenciais, como estupros e
em caso de rompimento do
preservativo. Não é um método
anticoncepcional utilizado de
forma rotineira", diz a farmacêutica Paula Lacerda, chefe do
setor de inspeção de medicamentos e cosméticos da Vigilância Sanitária de Maceió.
Segundo ela, o consumo dos
demais medicamentos juntamente com bebidas alcoólicas
anula o efeito dos remédios.
O bar QG, localizado no bairro de classe média Stella Maris,
é frequentado principalmente
por jovens e estudantes. O Grupo QG tem outros quatro bares
em Maceió.
Segundo Lacerda, a fiscalização não encontrou os remédios
no bar, mas localizou alguns
cardápios riscados na tentativa
de apagar os nomes dos medicamentos. Foi localizada também uma comanda onde estava
anotado o consumo de uma caixa de pílula do dia seguinte, no
valor de R$ 25 -em uma farmácia, o valor da pílula varia de
R$ 13 a R$ 16.
Nos cardápios, além dos remédios, eram oferecidos preservativos e absorventes.
Um dia antes, um jornal de
Maceió havia publicado uma
reportagem sobre a venda dos
remédios. Para Lacerda, os medicamentos podem ter sido recolhidos após a publicação.
A partir da reportagem, o Ministério Público de Alagoas instaurou um procedimento administrativo para apurar a responsabilidade pela eventual
venda irregular de remédios
em bares e investigar os responsáveis pelo fornecimento
dos medicamentos.
O dono do Grupo QG, Maurício Tenório, diz que a inclusão
da lista de remédios no cardápio foi uma brincadeira de apenas um dia com os frequentadores da unidade específica do
bairro Stella Maris.
De acordo com Tenório, um
garçom do bar, que é conhecido
como Lindinho, colocou uma
peruca e passava pelas mesas
oferecendo os medicamentos
em um tabuleiro, como se fossem balas.
"Nunca pensei que uma brincadeira fosse ficar tão polêmica", diz Tenório. "O interesse
não era vender os remédios.
Era uma brincadeira com o garçom que a gente tem aqui. É imbecilidade vender um negócio
desses que não dá lucro nenhum", afirma. Segundo Tenório, os cardápios estavam riscados porque, após a brincadeira,
os novos não haviam ficado
prontos. O empresário diz que
vai recorrer da multa. "Não fizemos nada de errado."
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