São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

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Beija-Flor e Salgueiro são destaques

Com enredo que tratou do continente africano, escolas empolgam na 2ª noite e estão entre as favoritas

Grande Rio, que falou sobre Duque de Caxias, também pode atrapalhar planos de Mangueira e Viradouro, destaques de domingo

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A África invadiu a disputa no Carnaval carioca. Com enredos sobre o continente, Beija-Flor e Salgueiro fizeram apresentações fortes na segunda noite e atrapalharam os sonhos de Mangueira e Viradouro, as melhores de domingo.
Última a entrar no sambódromo, a escola de Nilópolis empolgou o público com um belíssimo desfile e pode ser considerada a favorita na apuração, que começa hoje, às 15h, na praça da Apoteose.
Quem ainda pode sonhar com a vitória é a Grande Rio, que contou a história do município da escola, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O reencontro com suas identidades é o ponto em comum entre as favoritas. Com o enredo "Áfricas - Do berço real à corte brasiliana", a Beija-Flor brilhou numa seara que conhece bem. Foi campeã em 1983, ainda na era Joãosinho Trinta, com "A grande constelação das estrelas negras", e já bebeu em fontes africanas outras vezes.
O fato de ter o orçamento mais alto do Grupo Especial (R$ 7 milhões) garantiu o luxo que é marca da escola, especialmente nas alegorias. Para falar da influência africana no Brasil, a agremiação homenageou as outras da elite do Carnaval numa bonita ala branca.
Já o Salgueiro, depois de anos amorfos que a levaram a um 11º lugar em 2006, também se voltou para o universo com que é mais associado: os temas negros. Campeã assim em 1960 ("Quilombo dos Palmares"), 1963 ("Chica da Silva") e 1971 ("Festa para um Rei Negro"), a escola exaltou as guerreiras africanas em "Candaces".
O retorno à sua marca parece ter contagiado os componentes -negros em sua maioria-, que cantaram com entusiasmo o refrão em iorubá. A escola pode perder pontos por detalhes como falhas de acabamento do carro do Egito e confusão entre algumas alas. Mas pode sonhar com o título após 14 anos.
A Grande Rio, que antecedeu a Beija-Flor, vem seguindo o caminho da vizinha e crescendo. Vice-campeã em 2006 falando do Amazonas, mexeu com a emoção de seus componentes ao falar de Caxias, onde vivem mais de 3.000 deles.
Para conquistar o público, ajudou a popularidade de destaques como Deborah Secco, Zeca Pagodinho -um dos homenageados do enredo- e José Wilker, que representou Tenório Cavalcanti, "o homem da capa preta", líder político que se impôs na cidade nos anos 50.
A escola deixou as fantasias um pouco mais leves, mas seguiu com alegorias extremamente grandes.

Portela
Outra agremiação tradicional, a Portela, fez um desfile mais animado do que os anteriores, mas ainda está distante da sua verdadeira cara. O enredo patrocinado sobre o Pan 2007 gerou fantasias óbvias e correria. Mas um de seus maiores símbolos, Paulinho da Viola, gostou. "Desde que voltei a desfilar, em 1995, este foi o mais emocionante."
A Imperatriz Leopoldinense veio um pouco mais leve, como prometera Rosa Magalhães, mas sem a beleza que é a marca da carnavalesca. Com o samba fraco sobre bacalhau e Noruega, o resultado teve poucos momentos valiosos.
Porto da Pedra e Unidos da Tijuca, primeiras da noite, fizeram desfiles corretos e podem continuar no Grupo Especial.
Duas descerão e uma subirá.


Colaboraram TALITA FIGUEIREDO, MARIO HUGO MONKEN, PEDRO SOARES, AFRA BALANZINA e SÉRGIO RANGEL


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