São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

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Presidente do Metrô deve cair hoje

Secretário dos Transportes convocou reunião com diretoria da empresa para anunciar, à revelia, a saída de Luiz Carlos David

De Portugal, o governador José Serra tentou evitar a divulgação de que David seria demitido, mas o secretário se antecipou

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma áspera discussão com o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, o presidente do Metrô, Luiz Carlos David, deverá formalizar hoje o seu pedido de exoneração.
A Folha apurou que Portella demitiu David ontem mesmo, ainda em meio a uma discussão. Após o confronto, ocorrido à tarde, David deixou o prédio do Metrô, onde se dedicava à elaboração de uma nota de esclarecimento, e foi para casa.
A demissão ocorre após mais de um mês do acidente na estação Pinheiros da linha 4, que resultou em sete mortes.
Portella chegou a telefonar para potenciais substitutos de David. Um deles, o coordenador de planejamento e gestão da secretaria, Renato Viegas, teria até recusado o convite. Mas, em viagem ao exterior para visitas a parques tecnológicos e a um centro de exposições, o governador de São Paulo, José Serra, interveio.
De Portugal, Serra telefonou, às 17h de ontem, para o governador em exercício, Alberto Goldman, e para sua assessoria para impedir que fosse divulgada a versão de demissão. Atendendo a um pedido do governador, só hoje David deverá apresentar sua carta de exoneração.
Apesar dos esforços, Portella convocou uma reunião com a diretoria do Metrô, sem a presença de David, e anunciou a sua saída.

Tensão
Segundo um dos integrantes do governo, já tensa, a relação entre Portella e David azedou de vez quando vieram à tona relatórios encomendados pelo próprio Metrô apontando "não conformidades" nas obras.
Os dois discutiram sobre a redação de uma nota em resposta à Rede Globo, que exibiu o documento no programa "Fantástico". Sem encontrar Portella, David teria decidido elaborar a nota, deflagrando uma briga.
Ontem, Portella, o secretário de Comunicação, Hubert Alquères, e o vice-presidente da Imprensa Oficial, Paulo Moreira Leite, reuniram-se com técnicos do Metrô e do Consórcio Via Amarela - responsável pela obra- para dissecar o relatório. O governo queria averiguar se houve morosidade para correção das desconformidades.
Convocados às pressas, técnicos chegaram ao prédio da secretaria após as 17h de ontem. Após discutir a conveniência de Portella dar uma entrevista em pleno feriado, a equipe de comunicação optou por uma nota, a ser divulgada hoje.
David está sob ameaça desde o acidente na linha 4.

Desmoronamento
Os problemas na linha 4 vieram à tona em 12 de janeiro, quando houve um desmoronamento no canteiro de obras da futura estação Pinheiros, que matou sete pessoas.
O acidente, de acordo com as construtoras responsáveis, ocorreu devido à instabilidade do solo, agravada por fortes chuvas ocorridas dias antes.
Outra futura estação, a Fradique Coutinho, também corre riscos, de acordo com laudo técnico que aponta falhas na execução das soldas de sua estrutura metálica.


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