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Presidente do Metrô deve cair hoje
Secretário dos Transportes convocou reunião com diretoria da empresa para anunciar, à revelia, a saída de Luiz Carlos David
De Portugal, o governador José Serra tentou evitar a divulgação de que David seria demitido, mas o secretário se antecipou
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de uma áspera discussão com o secretário de
Transportes Metropolitanos,
José Luiz Portella, o presidente
do Metrô, Luiz Carlos David,
deverá formalizar hoje o seu
pedido de exoneração.
A Folha apurou que Portella
demitiu David ontem mesmo,
ainda em meio a uma discussão. Após o confronto, ocorrido
à tarde, David deixou o prédio
do Metrô, onde se dedicava à
elaboração de uma nota de esclarecimento, e foi para casa.
A demissão ocorre após mais
de um mês do acidente na estação Pinheiros da linha 4, que
resultou em sete mortes.
Portella chegou a telefonar
para potenciais substitutos de
David. Um deles, o coordenador de planejamento e gestão
da secretaria, Renato Viegas,
teria até recusado o convite.
Mas, em viagem ao exterior para visitas a parques tecnológicos e a um centro de exposições, o governador de São Paulo, José Serra, interveio.
De Portugal, Serra telefonou,
às 17h de ontem, para o governador em exercício, Alberto
Goldman, e para sua assessoria
para impedir que fosse divulgada a versão de demissão. Atendendo a um pedido do governador, só hoje David deverá apresentar sua carta de exoneração.
Apesar dos esforços, Portella
convocou uma reunião com a
diretoria do Metrô, sem a presença de David, e anunciou a
sua saída.
Tensão
Segundo um dos integrantes
do governo, já tensa, a relação
entre Portella e David azedou
de vez quando vieram à tona relatórios encomendados pelo
próprio Metrô apontando "não
conformidades" nas obras.
Os dois discutiram sobre a
redação de uma nota em resposta à Rede Globo, que exibiu
o documento no programa
"Fantástico". Sem encontrar
Portella, David teria decidido
elaborar a nota, deflagrando
uma briga.
Ontem, Portella, o secretário
de Comunicação, Hubert Alquères, e o vice-presidente da
Imprensa Oficial, Paulo Moreira Leite, reuniram-se com técnicos do Metrô e do Consórcio
Via Amarela - responsável pela obra- para dissecar o relatório. O governo queria averiguar
se houve morosidade para correção das desconformidades.
Convocados às pressas, técnicos chegaram ao prédio da
secretaria após as 17h de ontem. Após discutir a conveniência de Portella dar uma entrevista em pleno feriado, a equipe
de comunicação optou por uma
nota, a ser divulgada hoje.
David está sob ameaça desde
o acidente na linha 4.
Desmoronamento
Os problemas na linha 4 vieram à tona em 12 de janeiro,
quando houve um desmoronamento no canteiro de obras da
futura estação Pinheiros, que
matou sete pessoas.
O acidente, de acordo com as
construtoras responsáveis,
ocorreu devido à instabilidade
do solo, agravada por fortes
chuvas ocorridas dias antes.
Outra futura estação, a Fradique Coutinho, também corre
riscos, de acordo com laudo
técnico que aponta falhas na
execução das soldas de sua estrutura metálica.
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