São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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TAMÁS JÓZSEF M. KÁROLY SZMRECSÁNYI (1936-2009)

O professor húngaro não tinha sotaque

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O húngaro Tamás József Márton Károly Szmrecsányi falava o português tão corretamente que chegava a corrigir a mulher, brasileira.
Natural de Budapeste, era de uma família rica. Mas houve a guerra na Europa, e o conflito levou tudo o que tinham. A saída que encontraram foi zarpar, num navio de refugiados, para a América.
O primeiro lugar que Tamás desembarcou foi Buenos Aires. Por lá, ficou dois anos. Seu pai era advogado; a mãe, empresária. Quando ela abriu uma metalúrgica no Brasil, ele veio visitá-la e por aqui ficou -tinha 14 anos.
Em 1961, formou-se em filosofia pela USP. Como lembra a mulher, Maria Irene, que o conheceu na faculdade, o marido estudava de dia e trabalhava à noite no jornal "O Estado de S. Paulo".
Mas aí veio a ditadura de 64, e o casal, insatisfeito, decidiu se mudar para os EUA, onde ambos fizeram mestrado -Maria Irene é professora da FAU-USP. De volta ao país, Tamás doutorou-se em economia na Unicamp com uma tese sobre agroindústria canavieira. Em 1990, fez pós-doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Além da Unicamp, deu aulas na França e no Equador. Fundou e presidiu a Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica. "Ele vivia de acordo com princípios humanísticos que botavam os outros em primeiro lugar", diz a mulher.
Morreu segunda, aos 72, vítima de um câncer de pâncreas. Deixa três filhos.

obituario@grupofolha.com.br


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