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TAMÁS JÓZSEF M. KÁROLY SZMRECSÁNYI (1936-2009)
O professor húngaro não tinha sotaque
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O húngaro Tamás József
Márton Károly Szmrecsányi
falava o português tão corretamente que chegava a corrigir a mulher, brasileira.
Natural de Budapeste, era
de uma família rica. Mas
houve a guerra na Europa, e
o conflito levou tudo o que tinham. A saída que encontraram foi zarpar, num navio de
refugiados, para a América.
O primeiro lugar que Tamás desembarcou foi Buenos Aires. Por lá, ficou dois
anos. Seu pai era advogado; a
mãe, empresária. Quando ela
abriu uma metalúrgica no
Brasil, ele veio visitá-la e por
aqui ficou -tinha 14 anos.
Em 1961, formou-se em filosofia pela USP. Como lembra a mulher, Maria Irene,
que o conheceu na faculdade,
o marido estudava de dia e
trabalhava à noite no jornal
"O Estado de S. Paulo".
Mas aí veio a ditadura de
64, e o casal, insatisfeito, decidiu se mudar para os EUA,
onde ambos fizeram mestrado -Maria Irene é professora da FAU-USP. De volta ao
país, Tamás doutorou-se em
economia na Unicamp com
uma tese sobre agroindústria
canavieira. Em 1990, fez pós-doutorado na Universidade
de Oxford, na Inglaterra.
Além da Unicamp, deu aulas na França e no Equador.
Fundou e presidiu a Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica. "Ele vivia de acordo com
princípios humanísticos que
botavam os outros em primeiro lugar", diz a mulher.
Morreu segunda, aos 72,
vítima de um câncer de pâncreas. Deixa três filhos.
obituario@grupofolha.com.br
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