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JUSTIÇA
Ex-presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco vai responder a processo criminal no STJ; ex-namorada fez acusações
Desembargador é acusado de forçar aborto
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente do Tribunal de
Justiça de Pernambuco Etério Ramos Galvão responderá a processo criminal no Superior Tribunal
de Justiça (STJ) e ficará afastado
da função de desembargador em
razão do tumultuado relacionamento com uma namorada seguido de acusações de vários crimes.
A médica anestesista Maria Soraia Elias Pereira, com quem o
juiz teve uma relação extraconjugal, afirma que ficou grávida duas
vezes contra a vontade dele. Segundo a denúncia, na primeira
vez, o magistrado teria forçado o
aborto sem o consentimento dela.
Na segunda, ela teria ficado em
cárcere privado, e o bebê, desaparecido com dois meses de vida.
A denúncia, feita pelo subprocurador-geral da República Eitel
Santiago e recebida anteontem
pelo STJ, em decisão unânime,
contém outras acusações graves.
Galvão é acusado de provocar
aborto sem consentimento da
gestante, sequestro, cárcere privado, ameaça de morte, subtração
de menor, falsidade ideológica e
coação no curso de apuração.
Os ministros do STJ, em sessão
da Corte Especial, consideraram
que há indícios suficientes de prática de pelo menos alguns desses
crimes. O relator, César Rocha,
disse que a obrigação do tribunal
é abrir a ação penal para esclarecer se houve algum crime.
O julgamento durou quatro horas porque o ministro fez relatório
minucioso, lendo integralmente a
denúncia do Ministério Público
Federal, de 43 páginas, e as peças
de defesa dos envolvidos. Além
do desembargador, há suspeita de
envolvimento de auxiliares.
Consta da acusação que, em
abril de 1999, Galvão teria tentado
forçar o aborto da namorada colocando comprimidos de efeito
abortivo em um suco e em sua vagina, sem a concordância dela.
Um mês depois, diz a acusação,
ele teria apertado o pescoço dela,
causando lesões corporais leves.
A médica e Galvão teriam ido para um sítio, onde teria ocorrido o
aborto sem consentimento dela.
Galvão, diz a denúncia, pediu
que a namorada tomasse um
comprimido. Ela teria dormido e,
ao acordar, teria constatado a interrupção da gravidez. O aborto
teria sido feito por uma médica,
foragida pelo menos desde que a
denúncia foi feita (abril de 2002).
Consta que Galvão confirmou,
ao depor no STJ, ter mantido relações sexuais com Pereira e que
tentou incentivá-la a parar a gestação. Após o suposto aborto, a
médica teria reatado o namoro.
Na segunda gravidez, em 2000,
teria ficado cerca de três meses em
cárcere privado. O Ministério Público afirma que a criança nasceu
e que a mãe chegou a conviver algum tempo com ela. Existe a suspeita, citada nos autos, de doação
para o tráfico internacional.
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