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Promotoria afirma que obra do metrô não seguiu projeto
Ministério Público informa que o IPT encontrou três divergências na execução da escavação do túnel em SP
Entre as desconformidades estão a inversão no sentido
de escavação do túnel e uma suposta aceleração
da construção do túnel
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual de São Paulo afirma já ter
indícios de que as obras da futura estação Pinheiros do metrô, onde em janeiro do ano
passado um canteiro de obras
desabou matando sete pessoas,
foram realizadas em desacordo
com o projeto original.
A informação foi publicada
ontem pelo jornal "Estado de S.
Paulo." Procurados, o Consórcio Via Amarela, responsável
pela obra e integrado pela Alstom, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht
e Queiroz Galvão, e o Metrô,
que cuida da fiscalização, responderam que não poderiam se
manifestar sobre a investigação
porque ela é inconclusiva.
A linha 4-amarela vai ligar a
estação da Luz, no centro, à Vila
Sônia, na zona oeste de SP.
De acordo com o promotor
Arnaldo Hossepian Júnior, um
dos encarregados pelo inquérito criminal que apura as causas
da tragédia, foram encontradas
três desconformidades na execução da obra em relação ao
que foi estabelecido inicialmente pela equipe de projetistas do Consórcio Via Amarela.
Todos os "descompassos",
como prefere chamar o promotor, são relativos à escavação e
foram encontrados por peritos
do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas). São eles:
1) Inversão no sentido de escavação do túnel sob a rua Capri: "houve inversão de fluxo",
disse Hossepian Júnior. Deveria ter começado no poço da estação em direção à Capri, mas
foi feita no sentido oposto;
2) Discrepância entre os registros dos diários de obra e os
encontrados por técnicos do
IPT: enquanto o diário informa
que havia cinco cambotas (grades de sustentação) de um lado
da parede do túnel e duas de
outro, técnicos do instituto
acharam duas em cada lado.
3) Suposta aceleração do ritmo da construção: "A escavação do túnel que se colapsou foi
em quantidade superior ao que
estava no projeto. A profundidade foi maior, chegou a 1,40
m", explica o promotor.
Essas evidências foram obtidas por meio de documentos e
testemunhos dos envolvidos na
obra. Apesar disso, o Ministério
Público ainda acha prematuro
afirmar que houve erro na sua
execução ou se isso causou o
acidente. "Quem dirá isso será
a investigação e o laudo do
IPT", afirmou o promotor.
A Folha apurou que o resultado final sobre as causas do
acidente deve ficar pronto até
agosto deste ano.
Além do IPT, o IC (Instituto
de Criminalística) da Polícia
Civil também irá elaborar um
laudo sobre a tragédia. A cratera no canteiro de obras surgiu
depois que rachaduras foram
vistas no túnel por operários.
Na ocasião, os funcionários
evacuaram o local. Às 15h30,
porém, houve um colapso no
túnel, que engoliu parte da rua
Capri e uma van, onde estavam
cinco pessoas. As outras duas
vítimas são uma idosa que passava pela via e o motorista de
um caminhão da obra.
Além disso, aproximadamente 230 moradores vizinhos
ao buraco tiveram seus imóveis
interditados pela Defesa Civil
por questão de segurança.
Atualmente, as obras no canteiro estão paradas. A autorização para a retomada dos trabalhos dependerá da Promotoria
e do aval dado pela Delegacia
Regional do Trabalho.
Na próxima semana, será ouvido na 3ª Delegacia Seccional
o responsável pelas explosões
na obra.
Não é de agora que o Ministério Público aponta desconformidades na execução da estação Pinheiros do metrô. Em
julho de 2007, a Folha publicou que de acordo com o Ministério Público, nenhum plano de evacuação foi implantado pelo Consórcio Via Amarela.
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