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Marginal só deve melhorar na pista expressa
Com nova pista central na Tietê, técnicos esperam trânsito mais rápido apenas para rotas longas, como no trajeto até Guarulhos
Acessos para entrar na pista
mais rápida e para sair dela
diminuíram; entupida,
pista local tende a ser opção
ruim para os motoristas
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Operários trabalham em obra da marginal Tietê em trecho próximo à ponte das Bandeiras; nova pista deve ser inaugurada no final do mês
ALENCAR IZIDORO
EDUARDO GERAQUE
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem utiliza a marginal Tietê de ponta a ponta, de passagem pela capital paulista, só para ir ao aeroporto de Guarulhos
ou para acessar uma rodovia,
pode comemorar uma provável
redução do tempo de viagem
com a entrega de boa parte das
obras de ampliação da via mais
movimentada de São Paulo.
Mas quem sempre viu na
marginal Tietê uma avenida urbana mais rápida para se deslocar a um bairro mais próximo,
da Lapa à Barra Funda, de Santana à Freguesia do Ó, do centro à Vila Maria, não tem motivo para se animar muito com a
inauguração da nova pista, esperada para o final deste mês.
Com a abertura ao tráfego de
três novas faixas de cada lado,
as pistas expressas (da esquerda) tendem a ficar mais livres e
menos engarrafadas, enquanto
as pistas locais (da direita) deverão permanecer entupidas.
E não adianta pensar que
basta passar de uma para outra,
porque os acessos às faixas
mais livres serão restritos, viáveis somente para quem percorrer trajetos mais longos.
Essas são as principais mudanças imediatas esperadas
por especialistas ouvidos pela
Folha, independentes ou ligados à obra da Nova Marginal,
críticos ou favoráveis ao empreendimento de quase R$ 2
bilhões que virou a mais polêmica intervenção viária desta
década na capital paulista.
As três novas faixas em cada
sentido da marginal Tietê (parte já aberta nos últimos meses)
podem aumentar em um terço
a capacidade da via, que passará
a ter até 11 faixas, distribuídas
em três pistas: local, central
(ambas como limite de 70 km/
h) e expressa (até 90 km/h).
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) vai implantar uma faixa
preferencial de ônibus na local.
E proibir motos na expressa.
O impacto na fluidez do trânsito não será uniforme. A maior
parte dos veículos usa a marginal para trajetos pequenos (até
6 km) e eles terão dificuldade
de acessar a pista mais rápida
devido à diminuição de entradas, principalmente no sentido
Castello Branco-Ayrton Senna.
Em 23 km de marginal nessa
direção os motoristas terão só
seis acessos para chegar ou sair
da pista expressa. É metade do
que havia antes, conforme imagens de satélite. No sentido
oposto (da Lapa), o número de
entradas e saídas da pista central para a expressa, e vice-versa, será cerca de 20% menor.
"Não haverá mais aquele entra e sai que tinha antigamente", diz Jaime Waisman, engenheiro e professor da USP.
"Haverá um desequilíbrio de
uso. O motorista vai ter que ir
para a pista local muito antes
do que gostaria", avalia Sergio
Ejzenberg, consultor e mestre
em engenharia de transportes.
Outro motivo para os engarrafamentos nas pistas local e
central é que, ao concentrar as
motocicletas, eles devem ter
mais interferências -por
exemplo, devido aos acidentes.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) reconhece
que os impactos mais esperados são nas viagens de longa e
média distância. Mas diz esperar melhora em percursos curtos. A gestão Kassab divulga
previsão de aumentar em média 35% a velocidade na Tietê.
Embora seja a favor da obra,
Jaime Waisman considera que,
na prática, ela vai "diminuir a
distância entre dois congestionamentos". "É perverso. O gargalo muda de lugar", afirma.
Sergio Ejzenberg, que é contra a obra, considera que eventuais benefícios serão pontuais
e temporários. Estudos mostram que a ampliação, isolada,
estará esgotada até 2020.
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