São Paulo, segunda, 21 de abril de 1997.

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Pataxós tentam recuperar terra

da Reportagem Local

Os pataxós hã-hã-hães, grupo ao qual pertence Galdino Jesus dos Santos Pataxó, estão assentados provisoriamente numa área de 1.079 hectares, no município de Pau Brasil, sul da Bahia. A região abriga fazendas de cacau.
Os índios reivindicam uma área bem maior, de 36 mil hectares. Há um processo judicial a respeito, desde o início dos anos 80, que aguarda julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo o ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) e hoje coordenador de um dos programas do Instituto Socioambiental, Márcio Santilli, Galdino se encontrava neste fim-de-semana em Brasília para se informar sobre o andamento do processo.
A ação estava para ser relatada pelo ministro Francisco Rezek, que deixou o STF e foi substituído por Nélson Jobim.
Santilli qualificou o incidente, ocorrido um dia após o Dia do Índio, de ``uma monstruosidade, que simboliza a maneira perversa com que a sociedade vem tratando os índios''.
Segundo o antropólogo José Augusto Sampaio, professor da Universidade do Estado da Bahia e membro da Associação Nacional de Ação Indigenista, 398 fazendeiros e posseiros são réus na ação.
Sampaio afirmou que, a partir dos anos 30, os fazendeiros de cacau ocuparam as terras dos pataxós, amparados, muitas vezes, por títulos de posse emitidos pelo governo baiano.
O processo caminha devagar. ``Levou dez anos só para citar todos os réus da ação'', disse o antropólogo.

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