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NARCOTRÁFICO
CPI pede proteção a autor de dossiê que envolve políticos e policiais com o crime organizado no Estado
Presidente da OAB deixa ES após ameaça
SERGIO TORRES
enviado especial a Vitória (ES)
Autor de um dossiê sobre o crime
organizado no Espírito Santo, entregue à CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Narcotráfico, o presidente da seção local da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), Agesandro da Costa Pereira,
deixou Vitória às pressas depois
que teve a família ameaçada.
Pereira depôs à CPI na noite de
terça-feira. Durante o depoimento, ele entregou o dossiê, que acusa políticos, policiais e empresários locais de envolvimento com o
crime organizado no Estado.
Enquanto falava aos cinco deputados da CPI que vieram para o
Espírito Santo no início da semana, seus parentes recebiam em casa telefonemas ameaçadores.
Em uma das ligações, uma voz
de homem fez um aviso, transmitido ontem à Folha por um dos
policiais federais destacados para
proteger o presidente da OAB.
"Não é só ele que vai morrer.
Vai morrer a família toda", disse o
desconhecido.
Apavorado, Pereira relatou as
ameaças em telefonema a dirigentes da OAB em Brasília.
Orientado pelos colegas brasilienses, ele viajou com a mulher,
na noite de anteontem, para a capital do país, antecipando em
uma semana uma viagem que já
estava programada.
O presidente da OAB capixaba
informou à CPI e a colegas no Estado que só regressará a Vitória se
sua família for protegida por policiais que não estejam envolvidos
com irregularidades.
Essa proteção será dada, disse o
coordenador dos trabalhos da
CPI no Espírito Santo, deputado
federal Fernando Ferro (PT-PE).
De acordo com Ferro, a Superintendência da PF (Polícia Federal) em Vitória e a Secretaria de
Segurança do Espírito Santo já receberam da CPI pedido oficial para que a família do presidente da
OAB passe a contar com segurança permanente. A proteção ao
presidente da OAB foi pedida ontem à tarde pelos deputados da
CPI ao governador do Espírito
Santo, José Ignácio Ferreira.
O presidente da OAB do Espírito Santo foi o primeiro depoente
da CPI, na terça-feira. Durante
duas horas ele falou, em sessão secreta, com os deputados, a quem
entregou documentos sobre a
atuação do crime organizado.
Alguns dos documentos foram
dados à OAB pelo Fórum de
Combate à Impunidade e à Violência, entidade da sociedade civil
criada com o objetivo de denunciar a criminalidade.
Também há documentos obtidos em investigações da Procuradoria Geral de Justiça e do Ministério Público Federal, além de inquéritos que passaram pelo Tribunal de Justiça do Estado.
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