São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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NARCOTRÁFICO
CPI pede proteção a autor de dossiê que envolve políticos e policiais com o crime organizado no Estado
Presidente da OAB deixa ES após ameaça

SERGIO TORRES
enviado especial a Vitória (ES)

Autor de um dossiê sobre o crime organizado no Espírito Santo, entregue à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico, o presidente da seção local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Agesandro da Costa Pereira, deixou Vitória às pressas depois que teve a família ameaçada.
Pereira depôs à CPI na noite de terça-feira. Durante o depoimento, ele entregou o dossiê, que acusa políticos, policiais e empresários locais de envolvimento com o crime organizado no Estado.
Enquanto falava aos cinco deputados da CPI que vieram para o Espírito Santo no início da semana, seus parentes recebiam em casa telefonemas ameaçadores.
Em uma das ligações, uma voz de homem fez um aviso, transmitido ontem à Folha por um dos policiais federais destacados para proteger o presidente da OAB.
"Não é só ele que vai morrer. Vai morrer a família toda", disse o desconhecido.
Apavorado, Pereira relatou as ameaças em telefonema a dirigentes da OAB em Brasília.
Orientado pelos colegas brasilienses, ele viajou com a mulher, na noite de anteontem, para a capital do país, antecipando em uma semana uma viagem que já estava programada.
O presidente da OAB capixaba informou à CPI e a colegas no Estado que só regressará a Vitória se sua família for protegida por policiais que não estejam envolvidos com irregularidades.
Essa proteção será dada, disse o coordenador dos trabalhos da CPI no Espírito Santo, deputado federal Fernando Ferro (PT-PE).
De acordo com Ferro, a Superintendência da PF (Polícia Federal) em Vitória e a Secretaria de Segurança do Espírito Santo já receberam da CPI pedido oficial para que a família do presidente da OAB passe a contar com segurança permanente. A proteção ao presidente da OAB foi pedida ontem à tarde pelos deputados da CPI ao governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira.
O presidente da OAB do Espírito Santo foi o primeiro depoente da CPI, na terça-feira. Durante duas horas ele falou, em sessão secreta, com os deputados, a quem entregou documentos sobre a atuação do crime organizado.
Alguns dos documentos foram dados à OAB pelo Fórum de Combate à Impunidade e à Violência, entidade da sociedade civil criada com o objetivo de denunciar a criminalidade.
Também há documentos obtidos em investigações da Procuradoria Geral de Justiça e do Ministério Público Federal, além de inquéritos que passaram pelo Tribunal de Justiça do Estado.


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