São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004 |
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AMBIENTE Percentual de rios e represas paulistas ruins e péssimos para o abastecimento aumentou cinco pontos em relação a 2002 Qualidade da água de SP piorou em 2003
MARIANA VIVEIROS DA REPORTAGEM LOCAL Não é só a crise de quantidade de água disponível em algumas das maiores regiões do Estado de São Paulo que preocupa. A qualidade do que corre nos rios e é armazenado nos reservatórios também apresenta problemas e, em média, piorou de 2002 para 2003. No ano passado, quase um terço (32%) das fontes de água bruta (antes de ser tratada) do território paulista foi classificado como ruim ou péssimo para o abastecimento; em 2002, o percentual havia sido de 27%. A piora foi constatada em 10 das 22 bacias hidrográficas (áreas onde estão os rios, represas e os seus mananciais) do Estado. Só quatro delas apresentaram melhoria da qualidade da água (aumento dos índices de ótimo, bom ou regular). O retrocesso é um duplo alerta. Por um lado, mostra o potencial de degradação de um modelo de urbanização e desenvolvimento que já causou estragos praticamente insuperáveis nos recursos hídricos da Grande São Paulo, mas continua a se espalhar principalmente pelo interior do Estado. Por outro, indica que, se não forem tomadas medidas mais urgentes contra a tradição de fazer dos rios valas de esgoto, latas de lixo, depósitos de efluentes industriais e de solo que sofreu erosão pela falta de vegetação, o tratamento da água para torná-la própria para o consumo vai ficar cada vez mais caro (com reflexos diretos no bolso dos usuários), e as fontes de abastecimento, cada vez mais raras -o que só agravará a crise da quantidade. A degradação se deve a uma combinação. Somam-se excessos de esgoto e substâncias como o alumínio e o manganês, provenientes de solo desgastado por práticas agrícolas inadequadas e desmatamento, à chuva abaixo da média, diz Eduardo Mazzolenis de Oliveira, gerente do Departamento de Águas Superficiais e Efluentes Líqüidos da Cetesb (agência ambiental de SP). Os dados e as conclusões constam do Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo 2003, divulgado ontem pela órgão, que desde 1974 produz o documento. No ano passado, foram feitas medições bimestrais em 290 pontos, para a análise de 50 variáveis, incluindo físicas (como cor e temperatura), químicas (oxigênio dissolvido, metais pesados, esgoto etc.) e biológicas (presença de bactérias, algas, entre outros). Levando em conta esses indicadores, a Cetesb criou, em 2002, o IAP (Índice de Qualidade da Água Bruta para Fins de Abastecimento Público). Antes fazia a avaliação com base exclusivamente no IQA (Índice de Qualidade da Água), que considerava apenas variáveis sanitárias. O IAP avalia também cor, gosto, odor e toxicidade. Piracicaba Comparando os IAPs de 2003 e 2002, o principal destaque negativo apontado pelo técnicos da Cetesb é a bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí -que atende cerca de 4 milhões de moradores de 62 cidades em São Paulo (principalmente a Grande Campinas) e Minas Gerais, além de fornecer metade da água que abastece a região metropolitana de São Paulo, por meio do sistema Cantareira. O percentual de rios e represas ruins ou péssimos para o abastecimento nessa região foi de 45% em 2002 para 64% no ano passado, um aumento de 19 pontos percentuais. Texto Anterior: Morre criador do "Guinness Book" aos 78 Próximo Texto: Grande São Paulo apresentou leve melhora Índice |
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