São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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PORTO FERREIRA

Advogados dizem que recorrerão; formação de quadrilha e corrupção de menores são dois dos crimes

Justiça condena vereadores a até 45 anos

FERNANDA BASSETTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Seis vereadores, três empresários e um funcionário público acusados de organizar festas em Porto Ferreira (SP) com a presença de adolescentes e crianças foram condenados anteontem em primeira instância pela Justiça.
As condenações são por corrupção de menores, formação de quadrilha, favorecimento à prostituição e estupro, entre outros. A maioria das penas é de mais de 40 anos de reclusão. Os advogados de defesa consideraram a sentença "exagerada" e afirmaram que vão recorrer da decisão.
Segundo as investigações do caso, iniciadas em agosto de 2003, 12 adolescentes, de 13 e 16 anos, recebiam entre R$ 30 e R$ 50 para manter relações sexuais ou participar de orgias com os acusados.
Em janeiro, o suplente de vereador Valter de Oliveira Mafra, acusado de agenciar as meninas, foi condenado a 67 anos de prisão -pena reduzida à metade devido à colaboração com a Justiça. Na ocasião, o empresário Carlos Alberto Rossi foi condenado a quatro anos por participar das festas.
A maior pena foi a do ex-presidente da Câmara, Luís César Lanzoni (PTB) -45 anos de prisão por formação de quadrilha, corrupção de menores, mediação e favorecimento à prostituição. Ele está preso em Sorocaba.
O vereador Gerson João Pelegrini (PV) foi condenado a 41 anos de reclusão pelos mesmo crimes, exceto mediação. Ele poderá apelar em liberdade.
O ex-vereador Laércio Natal Storti (PSDB), que renunciou, e os vereadores Edvaldo Biffi (PL), Luiz Gonzaga Mantovani Borceda (PL) e João Lázaro Batista (PSDB) receberam pena de 43 anos de reclusão por formação de quadrilha, corrupção de menores, favorecimento à prostituição, e por manter casa de prostituição.
O funcionário público Paulo César da Silva foi condenado a cinco anos de prisão em regime semi-aberto. Entre os empresários condenados estão Nelson da Silva (41 anos), Luiz Dozzi Tezza (seis anos, por estupro) e João Batista Pelegrini (quatro anos).
Os dois primeiros estão presos. Pelegrini vai cumprir pena em liberdade, com prestação de serviços. Roberto Dias Alves e Ivo Capriolio foram absolvidos.
O promotor Cássio Conferino, autor das denúncias, disse que recorrerá, pois não foi considerado o crime hediondo na maioria dos casos. Ele já havia recorrido da condenação de Mafra pela mesma razão -ainda não há decisão.
A senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS-CE), presidente da CPI da Exploração Sexual de Menores, disse esperar que as condenações sejam exemplo para o país.


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