São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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JUSTIÇA

Promotoria identificou fraudes

Prefeito de S. Sebastião tem bens indisponíveis

TATIANA UEMURA
DAS REGIONAIS

O juiz da 2ª Vara Cível de São Sebastião, Luiz Antonio Carrer, determinou anteontem a indisponibilidade dos bens e a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do prefeito de São Sebastião, Paulo Julião (PSDB), e de 17 réus, entre eles funcionários públicos e empresários. Cabe recurso.
De acordo com o juiz, existem "indícios fortíssimos de que foi montado um verdadeiro esquema de contratação irregular" da empresa Eness Construtora e Serviços Ltda. para a execução de obras e serviços de engenharia para a prefeitura do município do litoral norte de São Paulo.
Conforme o Ministério Público Estadual, a Eness venceu licitações de R$ 1,13 milhão.
Segundo a denúncia da Promotoria, a Eness teria sido criada poucos meses depois do início da gestão de Paulo Julião, em 2000, em nome dos "laranjas" Manoel Ferreira de Souza e sua mulher, Francisca Bastos de Souza.
O objetivo seria ocultar os verdadeiros sócios e a ligação com o prefeito: Eugênio Caldeira Júnior e o filho dele Marco Gessuli Caldeira, que é genro de Julião.
Em depoimento ao Ministério Público, Souza disse que emprestou seu nome atendendo a um pedido de seu empregador, Eugênio Caldeira Júnior.
À Folha, Souza confirmou a história. "Eu estou como "laranja". Assinei porque sou analfabeto. Eu trabalhava como segurança. Eles me disseram que eu ganharia uma gratificação, mas não ganhei nada. Estou desempregado agora e não sei o que vou fazer."

Outro lado
O prefeito Paulo Julião afirmou que vai se defender em todos os pontos apontados pelo Ministério Público Estadual.
Ele declarou que não houve ilegalidade em nenhum dos contratos realizados pela prefeitura.
Marco Gessuli Caldeira foi procurado pela Folha para responder às acusações em seu telefone residencial, mas não foi localizado.


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