São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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JOGO

Cai pela metade número de compulsivos que buscam ajuda

Volta dos bingos reduz freqüência em programa que atende viciados

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Após o Senado derrubar a medida provisória que determinou o fechamento das casas de bingo no país, no último dia 5, o número de pacientes com problemas relacionados ao vício de jogar que freqüenta o Proad (Programa de Atendimento ao Dependente), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), caiu pela metade.
O programa, que cuida de pessoas que são consideradas jogadoras compulsivas, atendia em média 35 pessoas por semana. Após a volta dos bingos, a média de atendimentos caiu para 18 pessoas semanalmente, de acordo com levantamento feito pelo psiquiatra Marcelo Fernandes.
"Com a reabertura dos bingos, alguns pacientes que estavam em tratamento voltaram a jogar e, ainda, de uma forma mais agressiva e perigosa. Após a recaída, muitos deles deixam de vir às sessões de acompanhamento."
Fernandes relatou que um dos pacientes, um empresário de 55 anos, pediu para ser internado após passar dois dias seguidos jogando e ter perdido cerca de R$ 6.000 em apostas.
"Nos dez anos do programa, foi o terceiro caso de internação", disse o psiquiatra.
Ele classificou a liberação dos bingos como uma medida desastrosa. "As autoridades que decidiram sobre o problema não levaram em conta a questão da dependência do jogador."

Atraso
Para Fernandes, com a volta dos bingos, pessoas que já apresentavam problemas relacionados à jogatina podem ter seu quadro clínico agravado.
"Muito dos jogadores, a partir da liberação dos bingos, querem tirar o atraso. Acabam jogando e perdendo mais do que já eram acostumados a perder."
O psiquiatra afirmou ainda que uma de suas pacientes, atendida em seu consultório, se suicidou depois de ter seu quadro de depressão agravado pelo retorno ao vício do jogo.


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