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Por falta de espaço, Polícia Civil põe presos em caminhão-baú
Dois detentos ficaram no assoalho do veículo, vigiados por investigadores armados do lado de fora, em Ribeirão Preto
Situação só foi resolvida após reunião entre secretários de Estado, que decidiram pela transferência de 28 presos para presídios da região
ROBERTO MADUREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Por falta de espaço em carceragens, a Polícia Civil de Ribeirão Preto improvisou ontem
um caminhão-baú como cela
para abrigar presos. Dois detentos ficaram sentados no assoalho do baú, vigiados por investigadores armados do lado
de fora -a porta ficou aberta.
A medida durou menos de 24
horas e só foi resolvida após a
intervenção de dois secretários
de Estado. Ronaldo Marzagão
(Segurança Pública) se reuniu
duas vezes, de manhã e à tarde,
com Antonio Ferreira Pinto
(Administração Penitenciária).
A Secretaria da Segurança Pública é a responsável pelas cadeias e a da Administração Penitenciária, pelos presídios.
Assim, o caminhão foi removido e a polícia obteve autorização para transferir 28 presos
das carceragens da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e
do 2º Distrito Policial para presídios da região. Eles ocupam
um espaço usado, no passado,
para abrigar três pessoas. A
transferência ocorrerá hoje.
As carceragens haviam sido
desativadas pela Justiça em
2007, mas voltaram a ser usadas depois de 11 de abril, quando o CDP (Centro de Detenção
Provisória) de Ribeirão foi interditado após rebelião que
destruiu o prédio e deixou dois
presos mortos. Segundo carcereiros, os dois ocupantes do caminhão-baú foram presos na
madrugada. O veículo tem janelas, mas não possui cadeiras.
Para ir ao banheiro, os presos
tinham que deixar o local.
A decisão inédita de transformar um caminhão em cela foi
tomada pelo delegado da DIG,
Ariovaldo Torrieri Júnior, depois de alertas da Comissão de
Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
de que as condições na carceragem não eram propícias à vida
humana -havia superlotação,
celas sem banheiro e restos de
comida pelo chão. O delegado
não quis comentar o caso.
Segundo o diretor do Deinter
3 (Departamento da Polícia Judiciária do Interior), George
Millard, o comando da Polícia
Civil não participou da decisão
de improvisar o veículo. "Foi
uma atitude pontual e provisória. Não foi recomendado, mas,
muito a contragosto, esgotamos nossas opções", afirmou.
Ele disse que a Secretaria de
Administração Penitenciária
disponibilizou 35 vagas, que serão suficientes também para
abrigar sete detentos da Cadeia
Pública de Igarapava, reativada
após a rebelião no CDP e também superlotada (tem 24 vagas
e abriga 54 presos).
Segundo João Rinaldo Machado, presidente do Sindicato
dos Funcionários do Sistema
Prisional do Estado de São Paulo, todas as cadeias do interior
operam com 70% a 120% de superlotação. A SAP não divulga
números por unidade prisional. O coordenador regional da
Defensoria Pública de Ribeirão, Victor Hugo Albernaz, disse que a situação é resultado da
demora da inauguração do
CDP de Serra Azul, na região.
Colaborou GEORGE ARAVANIS, da Folha Ribeirão
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