São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reitores desconsideram ameaça

do enviado especial

Os reitores das universidades federais nem sequer consideraram ontem a possibilidade de que o Ministério da Educação possa intervir nas instituições se eles não entregarem listas com os nomes de grevistas -como foi sugerido anteontem pelo secretário-executivo do ministério, Luciano Oliva Patrício.
"As universidades têm autonomia, os reitores têm mandato, e o assunto que o secretário (Patrício) citou nós só tratamos com o ministro", disse o presidente da Andifes (entidade que reúne os dirigentes das instituições federais), José Ivonildo do Rêgo.
Questionado na terça-feira pela Folha se o corte de salários de todos os professores, mesmo que não estivessem em greve, poderia gerar problemas, Patrício disse: "Estamos trabalhando com a perspectiva de não chegar à situação limite, já determinada em lei, que é a intervenção."
Entre os reitores, houve até quem considerasse -pedindo o anonimato- que "o Luciano (Patrício) deu uma de Serjão".
Ou seja, avalia-se que essa não é a posição do ministro Paulo Renato Souza e que o decreto 1.480 de 1995 -que exige a entrega de listas com nomes de grevistas no serviço público federal, caso contrário o dirigente é exonerado- não será aplicado.
Negociação
Pelo contrário, os reitores passaram praticamente toda a tarde formulando uma proposta que possa ser aceita tanto pelo Ministério da Educação como pelos grevistas.
Ela deverá ser apresentada hoje ao ministro antes da reunião com os professores.
O primeiro ponto é que o governo não corte o pagamento de salários na próxima segunda-feira, como vem ameaçando há duas semanas.
Segundo, que seja instalada imediatamente uma mesa de negociações que tenha como diretrizes: 1) a valorização dos salários dos professores ativos (que ainda não estão aposentados); 2) a valorização da titulação; e 3) que uma proposta de reajuste salarial seja extensiva ("mesmo que parcialmente") aos aposentados.
Ou seja, os reitores aceitam um aumento diferenciado tanto entre os professores como entre os ativos e inativos.
Mas, para isso, defendem que o movimento grevista deve se comprometer a suspender a paralisação até o dia 30. (FR)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.