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PRESERVAÇÃO
Cientistas congelam sêmen e embriões de raças ameaçadas de extinção, para reprodução em laboratório
Brasil salva animais em arca de Noé hi-tech
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
Cientistas brasileiros estão desenvolvendo uma arca de Noé de
alta tecnologia para salvar animais
ameaçados de extinção.
O programa, coordenado pela
Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), do Ministério da Agricultura, consiste
na manutenção de um banco genético com sêmen e embriões congelados que permite a reprodução
de animais em laboratório.
O Brasil tem oito raças de animais domésticos em estado crítico
e seis ameaçadas de extinção, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). A
cada ano desaparecem cerca de
10% das raças ameaçadas de extinção em todo o mundo.
Hoje, os pesquisadores brasileiros têm no banco genético sêmen
de diferentes espécies de bois, cavalos, cabras e jumentos, espalhados por 17 núcleos de conservação
em todo o país -que contam com
o apoio de pesquisadores e cientistas em universidades e de produtores rurais de vários Estados.
A prioridade atual é desenvolver
a reprodução de animais que possam ser utilizados para alimentação, mas, no futuro, animais domésticos -como cães e gatos-
podem ser beneficiados com a tecnologia desenvolvida por essa pesquisa, ampliando o número de espécies preservadas.
Além de possibilitar a reprodução desses animais, o projeto Arca
de Noé analisa o potencial genético dessas espécies para futuros
cruzamentos, em busca de uma
maior resistência física das raças a
doenças, entre outros benefícios.
Os pesquisadores da Embrapa
têm hoje mais de 30 mil doses de
sêmen e 150 embriões de espécies
puras congelados. O material genético é preservado em botijões
com nitrogênio líquido a uma
temperatura de -196ºC.
Com o sêmen descongelado, os
cientistas fazem a inseminação artificial nas fêmeas da mesma raça,
originando animais puros. No caso de embriões (que já carregam a
informação genética do pai e da
mãe), não há necessidade de a fêmea receptora ser da mesma raça
do animal que será gerado.
O projeto Arca de Noé, cujas
pesquisas começaram em 1983,
deixou a raça de bovino caracu
mais distante da extinção. Já o
crioulo lageano, uma espécie de
bovino criado em Santa Catarina,
e o mocho nacional (com menos
de 500 cabeças em todo o país)
continuam ameaçados.
"Hoje, a população do caracu
cresceu muito porque os criadores
redescobriram a utilidade desses
animais", diz o pesquisador Arthur Mariante, coordenador do
projeto. "Mas, se esses animais
fossem extintos, poderíamos restaurar essas raças em laboratório,
a partir do material armazenado", diz Mariante.
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