São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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"Suzane tem sete caras", afirma promotor

Roberto Tardelli também diz que advogados da ex-estudante de direito farão "bruxaria jurídica" para impedir julgamento

A jovem disse desconfiar de que Astrogildo Cravinhos, pai do ex-namorado dela, sabia e apoiava o plano para matar Manfred e Marísia


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos Júnior, responsáveis pela acusação de Suzane Louise von Richthofen, 22, pelo assassinato dos pais dela, Manfred, 49, e Marísia, 50, em outubro de 2002, afirmaram ontem que a ex-estudante de direito, a cada dia, demonstra sozinha quem realmente é, "uma pessoa que tem sete caras". E que seu advogado de defesa, Mauro Octávio Nacif, 61, "usará novamente seu caldeirão para criar mais uma bruxaria jurídica para evitar que o julgamento dela ocorra [no próximo dia 17]".
Declarações de Suzane a Nacif, reveladas ontem pela Folha e nas quais a jovem afirmou que Astrogildo Cravinhos, pai de Daniel (ex-namorado dela) e Cristian, sabia e concordava com o plano para assassinar os pais da ex-estudante, chamaram a atenção dos promotores para aquilo que eles denominaram de "descompromisso com o resultado do julgamento" e de uma estratégia de defesa baseada na criação de factóides.
Sobre a afirmação de Suzane em que acusou Daniel de ter dito que o espírito de um rival dele ordenava a morte dos pais dela, os dois promotores riram. Eles disseram que esse tipo de colocação reforça a crença que ela tem de que não será presa.
"Agora só falta o defensor pedir para que o tal "espírito negão" [era assim que Daniel, segundo Suzane, dizia tratar a visão que afirmava ter] venha depor", disse Tardelli.
A primeira face de Suzane, segundo os promotores, foi a "jovem racista", que, logo após o assassinato de Manfred e Marísia, passou a insinuar que ex-empregados de sua família estavam ligados às mortes.
A segunda face de Suzane seria, de acordo com Campos Júnior, a da "drogada", pois ela afirma que foi viciada em maconha pelo então namorado e por isso o ajudou a cometer o crime. A terceira foi a da "menina doce", que apareceu na polêmica entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, em abril, beijando um pássaro.
A quarta Suzane, ainda no entendimento da acusação, é a aquela que se apresenta como "vítima de abuso sexual": existem insinuações de que Manfred abusava da filha. A quinta versão de personalidade de Suzane é aquela em que a jovem quer demonstrar ser uma pessoa inimputável, ou seja, sem condições de responder juridicamente por seus atos.
A sexta, é a que surge com a acusação contra Astrogildo. "Agora ela aparece como a agressiva, que parte para o ataque tentando incriminar pessoas que nunca figuraram como suspeitas", explica Tardelli.
A sétima Suzane será aquela que seus defensores tentarão apresentar no julgamento: a da jovem que não suportava possíveis relacionamentos extraconjugais de seus pais, principalmente por parte de sua mãe.
O advogado Mauro Nacif disse ontem que a jovem nunca afirmou ter provas concretas contra Astrogildo, mas que ela só "passou a ter um sentimento de que foi manipulada por ele e pelo filho". "Isso só ajuda a minha tese de defesa", disse Nacif.


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