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"Suzane tem sete caras", afirma promotor
Roberto Tardelli também diz que advogados da ex-estudante de direito farão "bruxaria jurídica" para impedir julgamento
A jovem disse desconfiar de
que Astrogildo Cravinhos,
pai do ex-namorado dela,
sabia e apoiava o plano para
matar Manfred e Marísia
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos Júnior,
responsáveis pela acusação de
Suzane Louise von Richthofen,
22, pelo assassinato dos pais
dela, Manfred, 49, e Marísia,
50, em outubro de 2002, afirmaram ontem que a ex-estudante de direito, a cada dia, demonstra sozinha quem realmente é, "uma pessoa que tem
sete caras". E que seu advogado
de defesa, Mauro Octávio Nacif, 61, "usará novamente seu
caldeirão para criar mais uma
bruxaria jurídica para evitar
que o julgamento dela ocorra
[no próximo dia 17]".
Declarações de Suzane a Nacif, reveladas ontem pela Folha
e nas quais a jovem afirmou
que Astrogildo Cravinhos, pai
de Daniel (ex-namorado dela) e
Cristian, sabia e concordava
com o plano para assassinar os
pais da ex-estudante, chamaram a atenção dos promotores
para aquilo que eles denominaram de "descompromisso com
o resultado do julgamento" e
de uma estratégia de defesa baseada na criação de factóides.
Sobre a afirmação de Suzane
em que acusou Daniel de ter dito que o espírito de um rival dele ordenava a morte dos pais
dela, os dois promotores riram.
Eles disseram que esse tipo de
colocação reforça a crença que
ela tem de que não será presa.
"Agora só falta o defensor pedir para que o tal "espírito negão" [era assim que Daniel, segundo Suzane, dizia tratar a visão que afirmava ter] venha depor", disse Tardelli.
A primeira face de Suzane,
segundo os promotores, foi a
"jovem racista", que, logo após
o assassinato de Manfred e Marísia, passou a insinuar que ex-empregados de sua família estavam ligados às mortes.
A segunda face de Suzane seria, de acordo com Campos Júnior, a da "drogada", pois ela
afirma que foi viciada em maconha pelo então namorado e
por isso o ajudou a cometer o
crime. A terceira foi a da "menina doce", que apareceu na
polêmica entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, em
abril, beijando um pássaro.
A quarta Suzane, ainda no
entendimento da acusação, é a
aquela que se apresenta como
"vítima de abuso sexual": existem insinuações de que Manfred abusava da filha. A quinta
versão de personalidade de Suzane é aquela em que a jovem
quer demonstrar ser uma pessoa inimputável, ou seja, sem
condições de responder juridicamente por seus atos.
A sexta, é a que surge com a
acusação contra Astrogildo.
"Agora ela aparece como a
agressiva, que parte para o ataque tentando incriminar pessoas que nunca figuraram como suspeitas", explica Tardelli.
A sétima Suzane será aquela
que seus defensores tentarão
apresentar no julgamento: a da
jovem que não suportava possíveis relacionamentos extraconjugais de seus pais, principalmente por parte de sua mãe.
O advogado Mauro Nacif disse ontem que a jovem nunca
afirmou ter provas concretas
contra Astrogildo, mas que ela
só "passou a ter um sentimento
de que foi manipulada por ele e
pelo filho". "Isso só ajuda a minha tese de defesa", disse Nacif.
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