São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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Aeroportos suspendem vôos pelo 2º dia

Segundo nota da Aeronáutica, houve pane técnica e os controladores voltaram a alegar problemas nos equipamentos

O chefe do Cindacta-1 ameaçou punir falsos relatos de problema em equipamentos; operadores negam operação-padrão

Apu Gomes/Folha Imagem
Homem dorme no saguão do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), ontem; pousos e decolagens foram suspensos por volta das 17h


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA

Pelo segundo dia consecutivo, problemas no Cindacta-1, em Brasília, provocaram ontem atrasos e cancelamentos de vôos. Os aeroportos de Brasília, de Cumbica (Grande SP) e de Congonhas (São Paulo) chegaram a suspender decolagens.
Além de ter registrado um problema técnico ontem, fontes da Aeronáutica voltaram a acusar os controladores de tráfego de fazer uma operação-padrão. O chefe do Cindacta-1 ameaçou punir falsos comunicados de problemas.
Os controladores negam o movimento e afirmam que os equipamentos estão obsoletos.
Em nota divulgada à noite, o Comando da Aeronáutica informou que os operadores do Cindacta-1 alegaram problemas de visualização nos consoles do setor São Paulo, a exemplo do que já tinha ocorrido no dia anterior. Anteontem, a FAB informou que os equipamentos estavam em ordem, embora tenha feito a troca.
Além disso, segundo a nota, por volta das 17h10 de ontem houve uma falha no link de comunicação da Embratel (usado para contatos entre os pilotos e o Cindacta-1), o que provocou a suspensão temporária de decolagens em alguns aeroportos. As operações foram normalizadas a partir das 19h30.
Entre 17h15 e 17h45, todos os vôos foram suspensos no aeroporto de Brasília, provocando um efeito cascata em outros aeroportos -vôos para Brasília foram suspensos no aeroportos de Cumbica (Grande SP) e Congonhas, em São Paulo, entre 17h14 e 18h15.
De acordo com a Infraero, até as 18h30, dos 1.484 vôos previstos em todo o país, 373 vôos atrasaram, índice de 25,1%, e 85 vôos foram cancelados.
"Há um pequeno grupo que tenta contaminar os demais. Trabalha para desestabilizar emocionalmente os demais e também fazendo falsas promessas de possível desmilitarização e de salários maiores para tentar convencer os demais a seguirem esse caminho", disse o coronel Eduardo Raulino, chefe do Cindacta-1.
Raulino disse que os controladores foram avisados que podem ser punidos caso persistam queixas sobre problemas em monitores que não forem identificados pelos técnicos.
"Se o laudo demonstrar que não tem problema no monitor, eles terão que retornar ao trabalho ou vamos ter que abrir outros processos", disse.
A Folha apurou que a reação da categoria seria uma resposta à intenção da Aeronáutica de punir cerca de 50 controladores que participaram do motim do último dia 30 de março, quando todo o sistema aéreo foi paralisado por uma greve.
Oficiais disseram a deputados da CPI do Apagão Aéreo da Câmara -que estiveram no Cindacta-1 ontem- que a eventual expulsão desses controladores resolveria os problemas de indisciplina, já que eles seriam os líderes.
Os deputados relataram que o clima entre controladores e oficiais está muito ruim. "Existe uma ruptura nas relações. O clima é terrível, e não há mais forma de reconciliação", disse a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), para quem a única saída é a desmilitarização.

Planalto
Na avaliação do Palácio do Planalto, o novo episódio da crise aérea teve ingrediente político. Tal ingrediente teria relação com a iminente conclusão do inquérito policial militar a respeito do motim dos controladores em março.
Ou seja, os controladores, por essa avaliação, estariam usando uma desculpa técnica, eventual insuficiência de garantia de vôos com segurança, para atingir um objetivo político: sinalizar que poderiam trazer novo caos aéreo ao país.
Segundo a Folha apurou, a Aeronáutica transmitiu informe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que, do ponto de vista técnico, os monitores estavam em condições de funcionar com segurança.
O Palácio do Planalto delegou toda a responsabilidade pela administração da crise à Aeronáutica. (ANDREZA MATAIS, ELIANE CANTANHÊDE, KENNEDY ALENCAR e VINICIUS ABBATE)


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