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Aeroportos suspendem vôos pelo 2º dia
Segundo nota da Aeronáutica, houve pane técnica e os controladores voltaram a alegar problemas nos equipamentos
O chefe do Cindacta-1 ameaçou punir falsos relatos de problema em equipamentos; operadores
negam operação-padrão
Apu Gomes/Folha Imagem
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Homem dorme no saguão do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), ontem; pousos e decolagens foram suspensos por volta das 17h |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA
Pelo segundo dia consecutivo, problemas no Cindacta-1,
em Brasília, provocaram ontem
atrasos e cancelamentos de
vôos. Os aeroportos de Brasília,
de Cumbica (Grande SP) e de
Congonhas (São Paulo) chegaram a suspender decolagens.
Além de ter registrado um
problema técnico ontem, fontes da Aeronáutica voltaram a
acusar os controladores de tráfego de fazer uma operação-padrão. O chefe do Cindacta-1
ameaçou punir falsos comunicados de problemas.
Os controladores negam o
movimento e afirmam que os
equipamentos estão obsoletos.
Em nota divulgada à noite, o
Comando da Aeronáutica informou que os operadores do
Cindacta-1 alegaram problemas de visualização nos consoles do setor São Paulo, a exemplo do que já tinha ocorrido no
dia anterior. Anteontem, a FAB
informou que os equipamentos
estavam em ordem, embora tenha feito a troca.
Além disso, segundo a nota,
por volta das 17h10 de ontem
houve uma falha no link de comunicação da Embratel (usado
para contatos entre os pilotos e
o Cindacta-1), o que provocou a
suspensão temporária de decolagens em alguns aeroportos.
As operações foram normalizadas a partir das 19h30.
Entre 17h15 e 17h45, todos os
vôos foram suspensos no aeroporto de Brasília, provocando
um efeito cascata em outros aeroportos -vôos para Brasília
foram suspensos no aeroportos
de Cumbica (Grande SP) e
Congonhas, em São Paulo, entre 17h14 e 18h15.
De acordo com a Infraero, até
as 18h30, dos 1.484 vôos previstos em todo o país, 373 vôos
atrasaram, índice de 25,1%, e 85
vôos foram cancelados.
"Há um pequeno grupo que
tenta contaminar os demais.
Trabalha para desestabilizar
emocionalmente os demais e
também fazendo falsas promessas de possível desmilitarização e de salários maiores para tentar convencer os demais a
seguirem esse caminho", disse
o coronel Eduardo Raulino,
chefe do Cindacta-1.
Raulino disse que os controladores foram avisados que podem ser punidos caso persistam queixas sobre problemas
em monitores que não forem
identificados pelos técnicos.
"Se o laudo demonstrar que
não tem problema no monitor,
eles terão que retornar ao trabalho ou vamos ter que abrir
outros processos", disse.
A Folha apurou que a reação
da categoria seria uma resposta
à intenção da Aeronáutica de
punir cerca de 50 controladores que participaram do motim
do último dia 30 de março,
quando todo o sistema aéreo
foi paralisado por uma greve.
Oficiais disseram a deputados da CPI do Apagão Aéreo da
Câmara -que estiveram no
Cindacta-1 ontem- que a
eventual expulsão desses controladores resolveria os problemas de indisciplina, já que eles
seriam os líderes.
Os deputados relataram que
o clima entre controladores e
oficiais está muito ruim. "Existe uma ruptura nas relações. O
clima é terrível, e não há mais
forma de reconciliação", disse a
deputada Luciana Genro
(PSOL-RS), para quem a única
saída é a desmilitarização.
Planalto
Na avaliação do Palácio do
Planalto, o novo episódio da
crise aérea teve ingrediente político. Tal ingrediente teria relação com a iminente conclusão do inquérito policial militar
a respeito do motim dos controladores em março.
Ou seja, os controladores,
por essa avaliação, estariam
usando uma desculpa técnica,
eventual insuficiência de garantia de vôos com segurança,
para atingir um objetivo político: sinalizar que poderiam trazer novo caos aéreo ao país.
Segundo a Folha apurou, a
Aeronáutica transmitiu informe ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva dizendo que, do
ponto de vista técnico, os monitores estavam em condições
de funcionar com segurança.
O Palácio do Planalto delegou toda a responsabilidade
pela administração da crise à
Aeronáutica.
(ANDREZA MATAIS, ELIANE CANTANHÊDE, KENNEDY ALENCAR e VINICIUS ABBATE)
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