São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Medo e euforia dominam modelos estreantes na SPFW

ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há poucos meses, a São Paulo Fashion Week não passava de uma fantasia para a modelo catarinense Vanessa Zamianni, 16. "Eu nunca imaginei que estaria aqui. Era o meu grande sonho", diz. Filha de um pedreiro, ela nasceu na pequena Iporã do Oeste (730 km da capital de Santa Catarina, oito mil habitantes). Descoberta por um "olheiro" de agência de modelos aos 12 anos, logo começou a trabalhar em seu Estado.
Nesta semana, a modelo estreou nas passarelas da principal semana de moda do país, onde desfilou para Alexandre Herchcovitch, Fabia Bercsek e outras marcas.
"Aqui é muito diferente dos trabalhos que eu fazia em Chapecó (SC). Lá era tudo calmo. Na SPFW é uma loucura, bem agitado e com mais gente. A minha responsabilidade também é muito maior."
Agora, Vanessa se prepara para deixar a casa de seus pais e mudar definitivamente para São Paulo. "Vou ter que abandonar os estudos mesmo."
A gaúcha Cristiane Stamboroski, 17, outra "new face" na SPFW, nasceu em Ijuí, cidade de 76 mil habitantes do Rio Grande do Sul. "Fico morrendo de medo de errar na passarela. Acho que é porque eu tenho a consciência do tamanho da SPFW e que tem muita gente observando as modelos também", afirma a gaúcha.
Modelo há cinco meses, agora mora com mais cinco meninas em um apartamento em São Paulo. "Não tenho tanta privacidade, mas, como trabalho muito, acabo nem tendo muito contato com elas", diz Cristiane, que foi uma das finalistas do último concurso Supermodel Brazil, promovido pela Ford Models.
O carioca Frederico Bertani, 18, passou os últimos dias em estado de apreensão e euforia. Descoberto pela agência de modelos 40 Graus no Orkut, ele tem apenas um mês de profissão. Hoje, vai desfilar pela primeira vez para a Cavalera.
"Estou perdendo provas por participar da SPFW. Tem sido complicado conciliar a escola e a carreira", revela Bertani, que é aluno de relações internacionais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Entusiasmado, ele já pensa em trancar a faculdade.
A baiana Indira Carvalho, 19, também novata na SPFW, esperou quatro anos pela oportunidade. Ela começou a trabalhar aos 15 e se diz surpresa com o fato de, para as marcas Fause Haten e Ronaldo Fraga, nem ter precisado passar pelo casting.
Ela também participou do Fashion Rio e diz que dará parte do seu cachê dos desfiles da temporada carioca e paulista para a mãe, que trabalha como auxiliar de laboratório. "Não sei, mas acho que, ao todo, vou ganhar uns R$ 10 mil."
Há três semanas morando no Rio, na casa de um amigo, Indira conta que morre de saudades da família e da comida baiana. Na última quinta, em São Paulo, ela comemorava o fato de ter encontrado um pequeno restaurante onde era servido acarajé. "Já estava sentindo falta do tempero baiano", diz.


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