São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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Cai valor de mensalidade em faculdade particular

Entre 1999 e 2009, o valor médio cobrado recuou de R$ 532 para R$ 367

Queda, constatada por sindicato da categoria, foi motivada por maior concorrência e menor expansão de matrículas

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

A combinação de concorrência acirrada entre universidades e estagnação na entrada de novos alunos derrubou as mensalidades ao nível mais baixo em dez anos.
De 1999 a 2009, o valor médio caiu 31% -de R$ 532 para R$ 367-, aponta levantamento do Semesp (sindicato das universidades particulares de São Paulo) com 1.084 instituições de todo o país.
A redução não leva em conta ainda a inflação do período, que foi de 104,3%, de acordo com o INPC/IBGE.
Dados do Ministério da Educação mostram que, de 1999 a 2008, o número de instituições particulares de ensino superior mais que dobrou -foi de 905 para 2.016.
Nos últimos anos, as universidades disputam os estudantes pelo bolso. Os anúncios em jornais e no metrô são um bom termômetro -mais que a qualidade de ensino, o chamariz é quanto se paga. "Mensalidades a partir de R$ 104,14", diz um deles, da Faculdade Sumaré.
Foi lá que a operadora de telemarketing Bruna Ribeiro, 24, foi parar. Neste ano, ela entrou em pedagogia, que lhe custa ainda menos do que o anúncio propalava -R$ 94 por mês, graças a convênio com uma entidade. "Claro que o preço contou."
Descontos assim fazem o preço despencar. A UniABC promete 25% de abatimento na primeira mensalidade.

NOCIVO
Embora pareça benéfica aos alunos, o fenômeno dos preços baixos é nocivo para o setor, diz o sindicato. Quem pratica os menores preços em geral são instituições de menor porte, que deixam de investir em pesquisa, laboratório, professores etc.
"Quando entram em guerra de preços, as empresas acabam esquecendo da sua margem mínima para operar e, com o tempo, vão para o buraco. É um tiro no pé", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
Principalmente porque o maior alvo da disputa -os estudantes- deixou de crescer. Entre 2007 e 2008, o número de novos alunos avançou apenas 0,6%.
Para se equilibrar, uma instituição deve cobrar mensalidade média de R$ 450, diz Carlos Monteiro, consultor em ensino superior.
A mensalidade da FGV (Fundação Getulio Vargas), uma das instituições mais bem avaliadas do país, é de cerca de R$ 2.400. Mackenzie e PUC cobram uma mensalidade média de R$ 1.100.
Segundo Capelato, essas universidades não reduziram mensalidades porque têm seus nichos conquistados, já firmaram suas identidades e não precisam disputar alunos no mercado.
Monteiro sugere às instituições alongar os prazos de pagamento para além do curso, em vez de jogar os preços no chão, tática que pode levar à insolvência ou à absorção por grupos maiores, tendência nos últimos anos.
Segundo o Ministério da Educação, 29 instituições desapareceram em 2008. Há 2.251 no país, de acordo com o último censo do MEC.


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