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Cai valor de mensalidade em faculdade particular
Entre 1999 e 2009, o valor médio cobrado recuou de R$ 532 para R$ 367
Queda, constatada por sindicato da categoria, foi motivada por maior concorrência e menor expansão de matrículas
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
A combinação de concorrência acirrada entre universidades e estagnação na entrada de novos alunos derrubou as mensalidades ao nível
mais baixo em dez anos.
De 1999 a 2009, o valor médio caiu 31% -de R$ 532 para
R$ 367-, aponta levantamento do Semesp (sindicato
das universidades particulares de São Paulo) com 1.084
instituições de todo o país.
A redução não leva em
conta ainda a inflação do período, que foi de 104,3%, de
acordo com o INPC/IBGE.
Dados do Ministério da
Educação mostram que, de
1999 a 2008, o número de instituições particulares de ensino superior mais que dobrou
-foi de 905 para 2.016.
Nos últimos anos, as universidades disputam os estudantes pelo bolso. Os anúncios em jornais e no metrô
são um bom termômetro
-mais que a qualidade de
ensino, o chamariz é quanto
se paga. "Mensalidades a
partir de R$ 104,14", diz um
deles, da Faculdade Sumaré.
Foi lá que a operadora de
telemarketing Bruna Ribeiro,
24, foi parar. Neste ano, ela
entrou em pedagogia, que
lhe custa ainda menos do
que o anúncio propalava
-R$ 94 por mês, graças a
convênio com uma entidade.
"Claro que o preço contou."
Descontos assim fazem o
preço despencar. A UniABC
promete 25% de abatimento
na primeira mensalidade.
NOCIVO
Embora pareça benéfica
aos alunos, o fenômeno dos
preços baixos é nocivo para o
setor, diz o sindicato. Quem
pratica os menores preços
em geral são instituições de
menor porte, que deixam de
investir em pesquisa, laboratório, professores etc.
"Quando entram em guerra de preços, as empresas
acabam esquecendo da sua
margem mínima para operar
e, com o tempo, vão para o
buraco. É um tiro no pé", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
Principalmente porque o
maior alvo da disputa -os
estudantes- deixou de crescer. Entre 2007 e 2008, o número de novos alunos avançou apenas 0,6%.
Para se equilibrar, uma
instituição deve cobrar mensalidade média de R$ 450,
diz Carlos Monteiro, consultor em ensino superior.
A mensalidade da FGV
(Fundação Getulio Vargas),
uma das instituições mais
bem avaliadas do país, é de
cerca de R$ 2.400. Mackenzie
e PUC cobram uma mensalidade média de R$ 1.100.
Segundo Capelato, essas
universidades não reduziram mensalidades porque
têm seus nichos conquistados, já firmaram suas identidades e não precisam disputar alunos no mercado.
Monteiro sugere às instituições alongar os prazos de
pagamento para além do curso, em vez de jogar os preços
no chão, tática que pode levar à insolvência ou à absorção por grupos maiores, tendência nos últimos anos.
Segundo o Ministério da
Educação, 29 instituições desapareceram em 2008. Há
2.251 no país, de acordo com
o último censo do MEC.
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