São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2011

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Após fraude, médicos terão de bater ponto

Alckmin determina instalação de equipamentos em 90 dias; mais um envolvido em escândalo deixa o governo

Hospitais onde há plantões passarão por pente-fino; demitido, ex-coordenador nega participar de esquema


GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

AFONSO BENITES
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA

Após as denúncias sobre médicos da rede estadual suspeitos de um esquema de fraude em plantões, o governo estadual abriu uma investigação em todos os hospitais da rede, além de dar início à implantação de pontos eletrônicos para controle de horas trabalhadas.
A investigação da polícia e do Ministério Público resultou na demissão do coordenador de Serviços de Saúde, Ricardo Tardelli, ontem.
É o segundo integrante da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) que cai por conta das denúncias. Anteontem, o secretário de Esportes, Lazer e Cultura, Jorge Pagura, deixou o cargo após reportagem do "Fantástico", da TV Globo, apontar o possível envolvimento dele no esquema.
Antes de se tornar secretário, Pagura atuava como neurocirurgião na rede. Ele e Tardelli aparecem em conversas telefônicas com o suspeito de liderar o esquema, o ex-diretor do CHS (Centro Hospitalar de Sorocaba) Ricardo José Salim, preso desde quinta.

GRAMPO
O ex-coordenador disse na conversa grampeada que se fosse feito um "pente-fino" em todos os hospitais, seriam encontrados "problemas".
Nas gravações feitas um mês antes de Pagura assumir a pasta, Salim diz a ele: "Teu ponto está sob controle". "Tá certo", responde Pagura.
À Folha, o irmão de Tardelli, o promotor Roberto Tardelli, disse que o ex-coordenador nega participação no esquema. A reportagem não conseguiu localizar Pagura.
Em princípio, a investigação se restringe a 50 médicos vinculados ao CHS que também trabalham em outros dez hospitais públicos da Grande São Paulo. A suspeita é que eles receberam por plantões que jamais fizeram.
Ao todo, 12 pessoas chegaram a ser presas. Quatro já tinham sido soltas até ontem e uma ainda estava foragida.
O secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, disse à Folha, por e-mail, que só 30% dos hospitais da rede estadual usam ponto eletrônico. Nos demais, a fiscalização é feita manualmente.
O controle tem que ser feito pelos diretores dos hospitais. Após chancelar os plantões realizados pelos médicos, os diretores elaboram as planilhas com todos os plantões pagos, com os nomes de cada médico que recebeu, e as enviam para a Coordenadoria de Serviços de Saúde da secretaria, chefiada até ontem por Tardelli.
A auditoria incluirá todos os hospitais estaduais onde há plantões. "Vamos verificar como estão sendo feitos os plantões, qual o controle que cada hospital tem sobre eles e quais os médicos que vêm realizando plantões na rede", disse Cerri.
Os hospitais terão 90 dias para substituir o ponto em papel pelo eletrônico.
Por enquanto, nenhum outro servidor será afastado até que a Corregedoria do Estado conclua a sindicância aberta em março passado. Ela deve ser encerrada em 15 dias, segundo Cerri.


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