São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2011

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Médico investigado "trabalha" 31 h por dia

No papel, cardiologista cumpre jornada de 218 horas semanais; suspeita é de recebimento por plantão não feito

Ausência de conselho gestor, que possui representante de usuários, dificulta fiscalizar hospital


DO ENVIADO A SOROCABA
DE SÃO PAULO


Dos 50 médicos que serão investigados por fraudar plantões há ao menos um que tem carga horária impossível de ser cumprida. No papel, ele trabalha 218 horas semanais, ou 31 horas por dia.
Além deste profissional, um cardiologista, há ainda outros seis médicos que trabalham mais de 90 horas durante uma única semana.
Na prática, isso significa que esses profissionais trabalham, durante uma única semana, mais de oito horas por dia e fazem ainda, ao menos, dois plantões de 24 horas.
Os dados estão no Datasus e foram informados pelas unidades de saúde onde esses médicos trabalham para o Ministério de Saúde.
Esses profissionais estão entre os suspeitos de receber por plantões que não fizeram, segundo a polícia.
Na semana passada, 12 pessoas foram presas por esse motivo. A promotora de Justiça Maria Aparecida Castanho diz que primeiramente a intenção foi prender quem comandava o esquema. Agora, o foco será nos beneficiados com as fraudes.

FISCALIZAÇÃO
De acordo com o Conselho Estadual de Saúde, um dos principais problemas de fiscalização em hospitais paulistas é a ausência de Conselho Gestor nas unidades de saúde. Na rede municipal de São Paulo, onde há conselho gestor, ele conta com a participação de representantes de usuários, o que permite um controle mais efetivo do que se passa dentro do hospital.
Segundo Maria Adenilda Mastelaro, conselheira estadual de Saúde, os conselhos gestores permitiriam uma melhor fiscalização.
Na rede municipal existem 9.112 conselheiros que cuidam da fiscalização de 903 unidades de saúde.
Eles são divididos por região e atuam diretamente nos hospitais.
Os conselheiros podem, por exemplo, pedir o ponto dos médicos de uma determinada unidade e verificar se eles cumprem o plantão corretamente.
Na rede municipal, porém, não há também ponto de frequência eletrônico. (AFONSO BENITES e TALITA BEDINELLI)


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