São Paulo, Quarta-feira, 21 de Julho de 1999
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CASSAÇÃO
Líder de ambulantes afirma que viu entrega de envelope a vereador e foi informado de que continha dinheiro
Camelô diz que Izar recebia propina

da Reportagem Local

O vereador José Izar (PFL) é acusado de exigir dos fiscais da Administração Regional da Lapa R$ 25 mil por semana arrecadados entre os ambulantes do bairro.
A afirmação foi feita ontem pelo camelô Nílson Santos Lima, diretor do Sindicato da Economia Informal da Zona Oeste, em depoimento à comissão processante da Câmara que analisa a cassação do mandato de Izar.
O vereador não foi localizado ontem para comentar a acusação.
Santos Lima afirmou à comissão que presenciou a entrega a Izar de um envelope com a propina semanal arrecadada pelo chefe da fiscalização da regional, Amauri Rippa.
A entrega, segundo o camelô, foi feita no gabinete de Izar, em uma reunião ocorrida em uma quinta-feira no final de outubro do ano passado. Santos Lima disse que participou da reunião ao lado de Rippa e de dois outros líderes dos camelôs da região, conhecidos como Zé do Amendoim e Carlão.
Ele disse que viu a entrega do envelope, mas não pode garantir que havia dinheiro no seu interior. Mas, segundo ele, Rippa afirmou que havia R$ 25 mil.
"Os fiscais pegavam dinheiro dos camelôs dizendo que cumpriam ordens do Izar", afirmou. "Cada camelô tinha que dar, no mínimo, R$ 20 por semana. Os donos de bancas de frutas davam até R$ 500."
Izar é acusado de comandar um esquema de arrecadação de propina na Regional da Lapa, que era comandada politicamente por ele até o início do ano. Além disso, segundo a acusação feita pela CPI da máfia da propina, Izar utilizou a estrutura da regional como máquina de campanha de seu irmão Williams José Izar, candidato derrotado a deputado estadual na eleição do ano passado.
Izar foi intimado para depor anteontem, mas não compareceu. Seu irmão Williams alega que ele está viajando.
Além de Santos Lima, prestaram depoimento ontem seis testemunhas de defesa. Uma delas era Williams Izar, que negou a existência de um esquema na Lapa (leia texto ao lado).
Dois empresários, Márcia Castro Freire e José Rafael Barcha, reafirmaram que só conseguiram alvarás de funcionamento de seus estabelecimentos após produzirem material para a campanha eleitoral de Williams.
Três ex-funcionários da regional também confirmaram o esquema de arrecadação de propina, entre eles o ex-administrador regional Osvaldo Cuoghi, que diz ter sido demitido por não concordar com o esquema.
(OTÁVIO CABRAL)


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