|
Texto Anterior | Índice
RIO
Jornalista que fez lipoaspiração permanece em coma, segundo boletim médico
25 médicos foram punidos neste ano
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
De janeiro a maio deste ano, 25 dos 52 médicos que sofreram processos ético-profissionais foram condenados pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro).
A punição vai da advertência confidencial à cassação. Entre os
dois médicos cassados até maio está uma cirurgiã plástica, considerada culpada pela morte de
uma paciente operada em 1999.
Outros dois médicos foram suspensos por 30 dias, 13 receberam
censura pública, cinco foram censurados e três receberam uma advertência confidencial.
O Cremerj abriu ontem sindicância para apurar a responsabilidade do cirurgião plástico Ricardo José da Costa Cunha no estado
de saúde da jornalista Renata Siqueira Nassif, 21, em coma desde
quinta, quando ela se internou na
Policlínica de Botafogo (zona sul
do Rio) para fazer lipoaspiração
no abdômen, na barriga e nas costas. Ela está no CTI (Centro de
Tratamento Intensivo).
Segundo Cunha, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os batimentos cardíacos de Renata na cirurgia diminuíram, mas ela não teve parada cardiorrespiratória. Horas depois, o quadro chegou a coma.
Na noite de anteontem, a Policlínica divulgou que a paciente
sofreu uma lesão cerebral. Segundo a unidade, em boletim divulgado às 13h de ontem, o estado de
Renata permanece inalterado.
A jornalista foi operada na última quinta-feira, quatro meses
após ter dado à luz a filha Eduarda. Ela queria perder o excesso de
peso adquirido na gravidez. Cunha disse que exames feitos antes
da operação mostravam que o
quadro clínico de Renata não
contra-indicava a lipoaspiração.
Segundo Cunha, a jornalista recebeu anestesia geral para que as
costas pudessem ser lipoaspiradas. A seguir, uma anestesia peridural foi aplicada para a cirurgia
na barriga. O médico disse que a
aplicação de duas anestesias ocorre para que a paciente fique o menor tempo possível sob efeito da
anestesia geral, que representa
risco maior que a peridural.
Cunha definiu o problema com a jornalista como "uma fatalidade" e afirmou que não sabe o que aconteceu com Renata.
Processos
No ranking de especialidades com processos em tramitação no
Cremerj este ano, a cirurgia plástica aparece em quarto lugar, com
44 ocorrências, atrás de ginecologia e obstetrícia (140), clínica médica (69) e pediatria (46).
Segundo o Cremerj, será solicitado à Policlínica o prontuário de
Renata e serão ouvidos familiares,
os médicos que participaram da
cirurgia e o diretor da unidade.
Além de apurar se houve erro
médico, a sindicância deverá verificar se a clínica estava equipada
para realizar a lipoaspiração.
Segundo o Cremerj, a sindicância deve estar pronta em dois meses. Só então será decidido se será aberto processo - que leva até cinco anos para ser julgado.
Texto Anterior: Pará: Operação revela devastação de florestas Índice
|