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TRANSPORTES
Pesquisa realizada em 4 regiões metropolitanas mostra que usuário agora opta por andar a pé ou de bicicleta
Crise faz passageiro deixar de usar ônibus
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A população com renda mensal
inferior a três salários mínimos de
quatro regiões metropolitanas
-Recife, Belo Horizonte, São
Paulo e Rio de Janeiro- está deixando de utilizar o transporte coletivo urbano. Para ir ao trabalho
e a locais de lazer, tem optado pela
bicicleta ou pelo trajeto a pé.
Desempregados têm, por exemplo, deixado de procurar uma vaga, principalmente longe de onde
moram, por falta de recursos para
pagar as passagens.
Altas tarifas, serviços deficitários e ameaças de violência durante o trajeto (não necessariamente dentro de veículos) são os
principais fatores que estão levando o usuário a mudar sua rotina.
Essas constatações são parte do
relatório preliminar da pesquisa
"Mobilidade e Pobreza", desenvolvida desde maio pelo Itrans
(Instituto de Desenvolvimento e
Informação em Transporte). Já
foram pesquisados 1.600 domicílios, mas os números finais ainda
vão ser trabalhados.
A proposta é levantar as condições de acesso aos serviços de
transporte da família de baixa
renda -que recebe abaixo de três
salários mínimos mensais e representa 45% da população urbana do país- e apontar possíveis
alternativas para o problema.
"Queremos conscientizar as elites política, social e econômica de
que a população de baixa renda
não tem acesso ao transporte. Isso
precisa mudar", disse o presidente do Itrans, Maurício Cadaval.
A pesquisa aponta ainda ser comum relato de empregados que
não recebem número suficiente
de passagens para fazer o trajeto
trabalho-casa. Exemplos disso
são as frases colhidas nos grupos,
como: "Toda firma só contrata
você se pegar apenas uma condução" ou "Eu preferi dizer na hora
de conseguir um emprego que só
precisava de duas passagens para
ir ao trabalho mesmo tendo que
pagar o resto ou ir andando".
A divulgação da pesquisa qualitativa será feita hoje no seminário
Transporte Público para Inclusão
Social, que acontece em Brasília.
Já os dados quantitativos estão serão anunciados até o final do ano.
O seminário é promovido pela
NTU (Associação Nacional das
Empresas de Transportes Urbanos) e Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte
Terrestre de Passageiros).
Otávio da Cunha Filho, presidente da NTU, que representa 600
das 2.000 empresas de transporte
urbano e metropolitano do país,
dirá no evento que seria possível
baixar o preço da tarifa em 50% se
houvesse mais subsídio, redução
do valor do óleo diesel e isenção
de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na
compra de veículos.
De 95 a 2002, o transporte coletivo no país perdeu, em média,
25% dos usuários. Atualmente
transporta cerca de 55 milhões de
pessoas por dia.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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