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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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TRANSPORTES

Pesquisa realizada em 4 regiões metropolitanas mostra que usuário agora opta por andar a pé ou de bicicleta

Crise faz passageiro deixar de usar ônibus

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A população com renda mensal inferior a três salários mínimos de quatro regiões metropolitanas -Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro- está deixando de utilizar o transporte coletivo urbano. Para ir ao trabalho e a locais de lazer, tem optado pela bicicleta ou pelo trajeto a pé.
Desempregados têm, por exemplo, deixado de procurar uma vaga, principalmente longe de onde moram, por falta de recursos para pagar as passagens.
Altas tarifas, serviços deficitários e ameaças de violência durante o trajeto (não necessariamente dentro de veículos) são os principais fatores que estão levando o usuário a mudar sua rotina.
Essas constatações são parte do relatório preliminar da pesquisa "Mobilidade e Pobreza", desenvolvida desde maio pelo Itrans (Instituto de Desenvolvimento e Informação em Transporte). Já foram pesquisados 1.600 domicílios, mas os números finais ainda vão ser trabalhados.
A proposta é levantar as condições de acesso aos serviços de transporte da família de baixa renda -que recebe abaixo de três salários mínimos mensais e representa 45% da população urbana do país- e apontar possíveis alternativas para o problema.
"Queremos conscientizar as elites política, social e econômica de que a população de baixa renda não tem acesso ao transporte. Isso precisa mudar", disse o presidente do Itrans, Maurício Cadaval.
A pesquisa aponta ainda ser comum relato de empregados que não recebem número suficiente de passagens para fazer o trajeto trabalho-casa. Exemplos disso são as frases colhidas nos grupos, como: "Toda firma só contrata você se pegar apenas uma condução" ou "Eu preferi dizer na hora de conseguir um emprego que só precisava de duas passagens para ir ao trabalho mesmo tendo que pagar o resto ou ir andando".
A divulgação da pesquisa qualitativa será feita hoje no seminário Transporte Público para Inclusão Social, que acontece em Brasília. Já os dados quantitativos estão serão anunciados até o final do ano.
O seminário é promovido pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros).
Otávio da Cunha Filho, presidente da NTU, que representa 600 das 2.000 empresas de transporte urbano e metropolitano do país, dirá no evento que seria possível baixar o preço da tarifa em 50% se houvesse mais subsídio, redução do valor do óleo diesel e isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na compra de veículos.
De 95 a 2002, o transporte coletivo no país perdeu, em média, 25% dos usuários. Atualmente transporta cerca de 55 milhões de pessoas por dia.
(LUCIANA CONSTANTINO)


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