São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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VIAGEM VIRTUAL

Serviço que visualiza qualquer ponto do globo terrestre com um alto nível de resolução seduz alunos e professores

Banco de imagens vira ferramenta de aula

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na sala de aula, a professora explica os diferentes tipos de ocupação do território norte-americano. Fala sobre as grandes cidades das costas leste e oeste e as compara com as fazendas mecanizadas da região central.
Com os olhos arregalados e o queixo caído, os alunos mal piscam: não querem perder os detalhes das imagens captadas por satélite que são projetadas no telão e permitem um verdadeiro vôo sobre os Estados Unidos, incluindo um passeio dentro do Grand Canyon que arranca exclamações.
A cena ocorreu na semana passada no colégio Bandeirantes, em São Paulo, numa aula experimental com o Google Earth -banco de imagens aéreas que virou mania. No Orkut (rede virtual de relacionamentos) são 222 as comunidades sobre o serviço -a maior delas possui quase 3.800 pessoas.
Com o serviço, é possível visualizar qualquer ponto do globo terrestre com um alto nível de resolução. Em algumas cidades norte-americanas, como Cambridge, dá para ver detalhes como as linhas desenhadas no chão de uma quadra de tênis. Nas comunidades virtuais, os usuários lançam desafios entre si, como encontrar um vulcão em erupção na Ásia ou, num determinado bairro de São Paulo, um jardim em forma de borboleta. O serviço é gratuito.
"Dou aula de geografia há 20 anos, e eles não se envolviam tanto. Agora é muito mais fácil", afirma a professora Regina Mara da Fonseca, que foi apresentada ao Google Earth por um aluno. "Vi meu irmão usando e achei que seria bom para nossa aula", diz Paulo Luiz Dias dos Santos Filho, 13.
O mesmo aconteceu com o professor de geografia Roberto Almeida, do colégio Rio Branco. "Um aluno me avisou em abril e, depois das férias, isso virou uma febre. A meninada começou a procurar em casa e um dos trabalhos que estou corrigindo já trouxe comparações feitas com imagens do Google Earth."
"Nunca gostei muito de geografia e achei que o programa não ia ser útil, mas, quando comecei a mexer, achei muito legal ver mapas e procurar cidades", conta Daniel Ruggeri Correa, 15, que anota as coordenadas mais curiosas no caderno para trocar informações com os amigos.

Endereços
Já Daniel Recco, 15, usou o serviço até para descobrir o caminho que precisaria fazer para ir a um endereço. "Eu tive que ir de ônibus. Meu pai indicou na internet como era todo o trajeto."
Para Teresa Gallotti Florenzano, pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a febre do Google Earth pode estimular os professores a trabalhar mais com imagens captadas por satélite. O instituto oferece, anualmente, um curso que prepara professores de todo o país para esse tipo de atividade. "Com imagens antigas e novas é possível mostrar o crescimento da mancha urbana ou o desmatamento causado por queimadas, por exemplo", conta Florenzano, para quem uma das imagens mais belas do Google Earth é o contraste entre deserto e culturas no vale do rio Nilo, no Egito.
O interesse pelo tema também atinge quem já saiu da escola. Apaixonado por mapas desde criança, o publicitário Daniel Brum, 33, se diz quase "enlouquecido" com o serviço. "O mais incrível é que você aprende várias coisas brincando."


LEIA MAIS sobre serviços gratuitos de localização espacial nos sites earth.google.com; maps.yahoo.com; www.dpi.inpe.br; mappoint.msn.com; www.virtualearth.com

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