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VIAGEM VIRTUAL
Serviço que visualiza qualquer ponto do globo terrestre com um alto nível de resolução seduz alunos e professores
Banco de imagens vira ferramenta de aula
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na sala de aula, a professora explica os diferentes tipos de ocupação do território norte-americano. Fala sobre as grandes cidades
das costas leste e oeste e as compara com as fazendas mecanizadas da região central.
Com os olhos arregalados e o
queixo caído, os alunos mal piscam: não querem perder os detalhes das imagens captadas por satélite que são projetadas no telão e
permitem um verdadeiro vôo sobre os Estados Unidos, incluindo
um passeio dentro do Grand Canyon que arranca exclamações.
A cena ocorreu na semana passada no colégio Bandeirantes, em
São Paulo, numa aula experimental com o Google Earth -banco
de imagens aéreas que virou mania. No Orkut (rede virtual de relacionamentos) são 222 as comunidades sobre o serviço -a maior
delas possui quase 3.800 pessoas.
Com o serviço, é possível visualizar qualquer ponto do globo terrestre com um alto nível de resolução. Em algumas cidades norte-americanas, como Cambridge, dá
para ver detalhes como as linhas
desenhadas no chão de uma quadra de tênis. Nas comunidades
virtuais, os usuários lançam desafios entre si, como encontrar um
vulcão em erupção na Ásia ou,
num determinado bairro de São
Paulo, um jardim em forma de
borboleta. O serviço é gratuito.
"Dou aula de geografia há 20
anos, e eles não se envolviam tanto. Agora é muito mais fácil", afirma a professora Regina Mara da
Fonseca, que foi apresentada ao
Google Earth por um aluno. "Vi
meu irmão usando e achei que seria bom para nossa aula", diz Paulo Luiz Dias dos Santos Filho, 13.
O mesmo aconteceu com o professor de geografia Roberto Almeida, do colégio Rio Branco.
"Um aluno me avisou em abril e,
depois das férias, isso virou uma
febre. A meninada começou a
procurar em casa e um dos trabalhos que estou corrigindo já trouxe comparações feitas com imagens do Google Earth."
"Nunca gostei muito de geografia e achei que o programa não ia
ser útil, mas, quando comecei a
mexer, achei muito legal ver mapas e procurar cidades", conta
Daniel Ruggeri Correa, 15, que
anota as coordenadas mais curiosas no caderno para trocar informações com os amigos.
Endereços
Já Daniel Recco, 15, usou o serviço até para descobrir o caminho
que precisaria fazer para ir a um
endereço. "Eu tive que ir de ônibus. Meu pai indicou na internet
como era todo o trajeto."
Para Teresa Gallotti Florenzano,
pesquisadora do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais),
a febre do Google Earth pode estimular os professores a trabalhar
mais com imagens captadas por
satélite. O instituto oferece, anualmente, um curso que prepara
professores de todo o país para esse tipo de atividade. "Com imagens antigas e novas é possível
mostrar o crescimento da mancha urbana ou o desmatamento
causado por queimadas, por
exemplo", conta Florenzano, para
quem uma das imagens mais belas do Google Earth é o contraste
entre deserto e culturas no vale do
rio Nilo, no Egito.
O interesse pelo tema também
atinge quem já saiu da escola.
Apaixonado por mapas desde
criança, o publicitário Daniel
Brum, 33, se diz quase "enlouquecido" com o serviço. "O mais incrível é que você aprende várias
coisas brincando."
LEIA MAIS sobre serviços gratuitos de localização espacial nos sites earth.google.com; maps.yahoo.com;
www.dpi.inpe.br; mappoint.msn.com; www.virtualearth.com
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