São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Preso o suposto "engenheiro" do túnel do furto ao BC

Marcos Rogério Machado de Morais é apontado como um dos mentores do furto de R$ 164,7 milhões, ocorrido em 2005 em Fortaleza

Almeida Rocha/Folha Imagem
Marcos Rogério Machado de Morais, preso na sexta em SP


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi preso em São Paulo o homem apontado pela polícia como um dos mentores do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005, e o idealizador do túnel de 80 metros construído na época.
O cearense Marcos Rogério Machado de Morais, 33, conhecido como Cabeção, foi detido por volta das 17h30 da última sexta enquanto passeava com a mulher e dois filhos -de 1 e 4 anos- no shopping Villa Lobos, zona oeste de São Paulo.
Com mandado de prisão expedido pela Justiça Federal no Ceará, Morais negou, em depoimento, envolvimento no furto. Ele diz ser comerciante e viver da venda de carros.
Informalmente, segundo o delegado Roberto Olmedo Consul, ele teria confessado participação e dito ter ficado com R$ 6 milhões na partilha. A Polícia Federal, que ontem à tarde o levou de volta a Fortaleza, suspeita que ele tenha recebido R$ 12 milhões.
O nome de Marcos Rogério apareceu logo nos primeiros dias de investigação do furto, com a prisão de seu irmão José Charles Machado de Morais, em Minas Gerais, ao transportar carros em um caminhão-cegonha de sua empresa, com R$ 5 milhões em notas de R$ 50.
Na ocasião, a polícia descobriu que a casa em Fortaleza usada para esconder o dinheiro nos carros era de Marcos Rogério. Cabeção foi visto com seu irmão na loja de carros onde foi
feita a compra dos veículos para transportar o dinheiro. Em São Paulo, Morais era investigado por suposto envolvimento com tráfico de drogas. Durante a investigação, a polícia descobriu tratar-se do acusado pelo furto ao BC. Morais vinha sendo seguido por policiais do Denarc, o Departamento de Investigação sobre Narcóticos da Polícia Civil, havia seis meses. Segundo a polícia, ele tem passagem por seqüestro e formação de quadrilha, ainda sem condenação.
Embora tenha apenas o primeiro grau incompleto, Morais é apontado como idealizador do túnel. Entre os dias 5 e 6 de agosto de 2005, a quadrilha invadiu a caixa-forte do banco por meio de um túnel cavado a partir de uma casa próxima.
O imóvel foi reformado, e as escavações ocorriam sob a fachada de uma empresa de gramas sintéticas, o que justificava a remoção de terra.
O túnel usado tinha cerca de 80 metros de extensão e era revestido de madeira e lona plástica. Tinha ainda sistemas de iluminação elétrica e ventilação. Quando atingiram o cofre, os ladrões ainda perfuraram o piso de 1,1 metro de espessura.
Morais mantinha uma casa no condomínio de alto padrão Riviera de São Lourenço, em Bertioga (litoral norte), onde foram encontrados R$ 2.000.
Na tarde de sexta, a bordo de uma Mercedez avaliada em R$ 150 mil, Morais foi ao shopping, onde almoçou com a mulher e os filhos. Ali, conversou com um casal -a polícia suspeita de negociação de drogas, mas isso ainda está sob investigação.
Foi preso, sem reação, ao ser chamado pelo apelido de Cabeção. Ele não tinha documentos e saiu algemado do shopping.
A mulher de Morais disse desconhecer as supostas atividades criminosas do marido. Ouvida como testemunha, ela foi liberada por falta de provas.
A Folha tentou localizar o advogado de Morais, identificado pela polícia apenas como Márcio, mas não conseguiu. Outros dois apontados como mentores do furto continuam foragidos: Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, e Moisés Teixeira da Silva, o Cabelo. Outro foi seqüestrado e morto, Luiz Fernando Ribeiro, o Fernandinho.

Colaborou KAMILA FERNANDES, da Agência Folha, em Fortaleza

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