São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Crise da saúde se agrava em AL com mais demissões

Neurocirurgiões e hematologistas deixaram os cargos após cumprirem o aviso prévio

Cerca de 2.000 atendimentos deixam de ser feitos por dia, segundo a Secretaria de Saúde; médicos pressionam governo por reajustes

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A situação de calamidade pública na saúde de Alagoas se agravou ontem com a demissão de neurocirurgiões e hematologistas da rede estadual.
Desde as 7h de ontem, a rede de saúde estadual conta com apenas um neurocirurgião. Os outros seis médicos da especialidade deixaram o trabalho ontem após cumprir 30 dias de aviso prévio.
Sete dos nove hematologistas do Estado também entregaram os cargos ontem. O Hemocentro de Alagoas, referência no atendimento a hemofílicos e leucêmicos no Estado, suspendeu consultas e só atendeu casos de urgência.
Hematologistas e neurocirurgiões pediram demissão no dia 19 de julho para pressionar o governo a reabrir negociações salariais com os médicos, que estão em greve há quase três meses. A categoria reivindica reajuste de 50%, enquanto o governo oferece 5%. O salário médio atual é de R$ 1.500.
No próximo dia 1º, termina o aviso prévio dado por outros 143 médicos. Diariamente, cerca de 2.000 atendimentos deixam de ser feitos, segundo a Secretaria da Saúde do Estado, nos cinco miniprontos-socorros da periferia da capital alagoana.
Até o final da tarde de ontem, a Unidade de Emergência Armando Lages, onde trabalhavam os seis neurocirurgiões, não sabia informar o que aconteceria partir de hoje, quando termina o plantão do único especialista, que é do Corpo de Bombeiros e foi convocado pelo governo para trabalhar.
O secretário da Saúde, André Valente, afirmou que haverá atendimento de neurocirurgia, mas não disse qual será a solução do governo. "Haverá neurocirurgião, mas não posso dizer como devido à ameaça de quem tenta boicotar as ações."
Beneíldo Pedro, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de Alagoas, disse ontem que dez categorias de servidores de nível médio da saúde haviam entrado em greve por tempo indeterminado. A secretaria não confirmou a paralisação.

Calamidade
O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), decretou situação de calamidade pública na rede hospitalar na sexta-feira, o que permite a contratação emergencial de profissionais.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas, Emmanuel Fortes, disse que o governo ofereceu até R$ 8.000 para que neurocirurgiões assumissem as vagas, mas a proposta não foi aceita.
"É uma incongruência oferecer até R$ 8.000 para substituir um profissional que ganha menos. Os médicos não aceitaram", disse Fortes.
Os demissionários contrariaram decisão judicial da semana passada que suspendeu a exoneração dos médicos até que novos profissionais fossem contratados.


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