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Crise da saúde se agrava em AL com mais demissões
Neurocirurgiões e hematologistas deixaram os cargos após cumprirem o aviso prévio
Cerca de 2.000 atendimentos deixam de ser feitos por dia, segundo a Secretaria de
Saúde; médicos pressionam governo por reajustes
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A situação de calamidade pública na saúde de Alagoas se
agravou ontem com a demissão
de neurocirurgiões e hematologistas da rede estadual.
Desde as 7h de ontem, a rede
de saúde estadual conta com
apenas um neurocirurgião. Os
outros seis médicos da especialidade deixaram o trabalho ontem após cumprir 30 dias de
aviso prévio.
Sete dos nove hematologistas
do Estado também entregaram
os cargos ontem. O Hemocentro de Alagoas, referência no
atendimento a hemofílicos e
leucêmicos no Estado, suspendeu consultas e só atendeu casos de urgência.
Hematologistas e neurocirurgiões pediram demissão no
dia 19 de julho para pressionar
o governo a reabrir negociações
salariais com os médicos, que
estão em greve há quase três
meses. A categoria reivindica
reajuste de 50%, enquanto o
governo oferece 5%. O salário
médio atual é de R$ 1.500.
No próximo dia 1º, termina o
aviso prévio dado por outros
143 médicos. Diariamente, cerca de 2.000 atendimentos deixam de ser feitos, segundo a Secretaria da Saúde do Estado,
nos cinco miniprontos-socorros da periferia da capital alagoana.
Até o final da tarde de ontem,
a Unidade de Emergência Armando Lages, onde trabalhavam os seis neurocirurgiões,
não sabia informar o que aconteceria partir de hoje, quando
termina o plantão do único especialista, que é do Corpo de
Bombeiros e foi convocado pelo governo para trabalhar.
O secretário da Saúde, André
Valente, afirmou que haverá
atendimento de neurocirurgia,
mas não disse qual será a solução do governo. "Haverá neurocirurgião, mas não posso dizer como devido à ameaça de
quem tenta boicotar as ações."
Beneíldo Pedro, diretor do
Sindicato dos Servidores Públicos de Alagoas, disse ontem que
dez categorias de servidores de
nível médio da saúde haviam
entrado em greve por tempo indeterminado. A secretaria não
confirmou a paralisação.
Calamidade
O governador de Alagoas,
Teotonio Vilela Filho (PSDB),
decretou situação de calamidade pública na rede hospitalar
na sexta-feira, o que permite a
contratação emergencial de
profissionais.
O presidente do Conselho
Regional de Medicina de Alagoas, Emmanuel Fortes, disse
que o governo ofereceu até R$
8.000 para que neurocirurgiões assumissem as vagas, mas
a proposta não foi aceita.
"É uma incongruência oferecer até R$ 8.000 para substituir
um profissional que ganha menos. Os médicos não aceitaram", disse Fortes.
Os demissionários contrariaram decisão judicial da semana
passada que suspendeu a exoneração dos médicos até que
novos profissionais fossem
contratados.
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