São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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FOCO

Índio lança livro para crianças baseado na própria infância

FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO

Quando criança, Elias Yaguakãg teve de matar uma onça e uma cobra para provar que era um caçador corajoso. Hoje, aos 33 anos, ele só caça e pesca para se alimentar, mas continua muito respeitado na aldeia onde vive, no Amazonas.
Tornou-se um exemplo para os outros índios de sua tribo, a maraguá, porque dá aulas de nível fundamental para 48 alunos, de cinco a 20 anos de idade.
Por ser professor, pode usar um cocar especial, de penas brancas, que estava em sua cabeça na última quarta-feira, quando lançou o infantil "Aventuras do Menino Kawã" (editora FTD), na Bienal Internacional do Livro, em São Paulo.
Na obra, a infância de Kawã foi inspirada na do autor. Assim como o personagem, Yaguakãg nasceu prematuro e muito pequeno.
Seus pais temiam que ele não sobrevivesse, mas foram tranquilizados pelo pajé da aldeia, que previu que o garoto se transformaria em um grande caçador.
Mas, diferentemente de Kawã, que aos 14 anos se casa e continua vivendo na aldeia, Yaguakãg preferiu continuar solteiro e se mudar para a cidade de Nova Olinda do Norte, município onde fica a aldeia. Lá, cursou o ensino médio e se especializou em grafismos indígenas.
Ele escreveu e ilustrou o livro com o objetivo de levar a cultura de seu povo ao leitor não índio, que chama de "meu amigo".
"Há uns 20 anos, a gente considerava os brancos nossos inimigos, porque a gente preservava o local e eles destruíam. Hoje, nós consideramos a sociedade não índia como nossa aliada, porque a mentalidade de muitas pessoas é a favor da preservação do ambiente."


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