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FOCO
Índio lança livro para crianças baseado na própria infância
FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
Quando criança, Elias Yaguakãg teve de matar uma
onça e uma cobra para provar que era um caçador corajoso. Hoje, aos 33 anos, ele só
caça e pesca para se alimentar, mas continua muito respeitado na aldeia onde vive,
no Amazonas.
Tornou-se um exemplo para os outros índios de sua tribo, a maraguá, porque dá aulas de nível fundamental para 48 alunos, de cinco a 20
anos de idade.
Por ser professor, pode
usar um cocar especial, de
penas brancas, que estava
em sua cabeça na última
quarta-feira, quando lançou
o infantil "Aventuras do Menino Kawã" (editora FTD), na
Bienal Internacional do Livro, em São Paulo.
Na obra, a infância de Kawã foi inspirada na do autor.
Assim como o personagem,
Yaguakãg nasceu prematuro
e muito pequeno.
Seus pais temiam que ele
não sobrevivesse, mas foram
tranquilizados pelo pajé da
aldeia, que previu que o garoto se transformaria em um
grande caçador.
Mas, diferentemente de
Kawã, que aos 14 anos se casa e continua vivendo na aldeia, Yaguakãg preferiu continuar solteiro e se mudar para a cidade de Nova Olinda
do Norte, município onde fica a aldeia. Lá, cursou o ensino médio e se especializou
em grafismos indígenas.
Ele escreveu e ilustrou o livro com o objetivo de levar a
cultura de seu povo ao leitor
não índio, que chama de
"meu amigo".
"Há uns 20 anos, a gente
considerava os brancos nossos inimigos, porque a gente
preservava o local e eles destruíam. Hoje, nós consideramos a sociedade não índia
como nossa aliada, porque a
mentalidade de muitas pessoas é a favor da preservação
do ambiente."
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