São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Pais devem ficar atentos às garantias de manutenção

Proteção e limite de crianças em brinquedos são itens fundamentais, diz especialista

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Donos de bufês estão se preparando para atender os pais que, na hora de acertar a festa, pedirem documentos que atestem o funcionamento seguro dos brinquedos.
"Os pais têm perguntado muito, ainda mais depois dessas mortes no parque do Rio [na semana passada]", diz Marcelo Golfieri, dono da rede de bufês Cata-Vento.
Dois adolescentes -um de 16 anos e outra de 17- morreram no parque Glória Center, na zona oeste do Rio. Eles foram atingidos por um carrinho do "Tufão" que se desprendeu do eixo. O carrinho levava cinco pessoas, quando a lotação era de quatro.
A Folha esteve na sexta-feira em dois bufês, acompanhada pela especialista em metrologia e qualidade do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) de São Paulo, Luciana Cunha, para conferir visualmente os brinquedos.
A reportagem não se identificou durante a visita.
Tanto o Cata-Vento Park, no Ipiranga (zona sul), quanto o PeekaBoo, em Higienópolis (centro), apresentaram os atestados de inspeções recentes feitas nos brinquedos.
O Cata-Vento tem trem-fantasma, um barco viking e um elevador que sobe, desce e gira. O PeekaBoo tem um "LaBamba" -que chacoalha rapidamente- e um "monorail" -um trem que, suspenso por um trilho, dá uma volta na área externa do prédio.

CORRIDA
Conforme as regras editadas em março pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a técnica Luciana quis saber se os brinquedos eram ligados todos os dias e passavam por inspeções, no mínimo, semestralmente. Ambos afirmaram que sim, e apresentaram os ARTs (Atestados de Responsabilidade Técnica) assinados por engenheiros.
"Depois desses acidentes, começou uma corrida dos bufês e parques para assinar ARTs", revela Golfieri.
"A portaria da prefeitura [para fiscalizar brinquedos em bufês] deve exigir que o laudo seja assinado por um engenheiro do meio, porque está se criando um mercado de ARTs", afirma. "Há engenheiros civis assinando sem entender do assunto."
Outra preocupação da especialista foi checar se todos os equipamentos estavam cercados a uma distância mínima de 50 cm, como mandam as normas.
Nos dois locais os brinquedos tinham placas de advertências e restrições -orientando, inclusive, pessoas com problemas cardíacos ou epilepsia a não embarcar.
De acordo com Luciana, os pais devem zelar para que o limite de pessoas (adultos e crianças) informado nas placas seja respeitado na festa.
O funcionário do Cata-Vento Park revelou que alguns dos monitores -que também operam os brinquedos- têm 17 anos.
Pelas normas da ABNT, operadores de brinquedos que transportem pessoas devem ser maiores de 18 anos.
O dono do bufê negou, por telefone, que isso ocorra, e disse que todos recebem treinamento.

OBRIGATORIEDADE
O superintendente do Ipem-SP, Fabiano Marques de Paula, quer que o Inmetro torne obrigatórias as normas da ABNT para parques. "Hoje não há sanção pela não adesão a esses parâmetros", diz.
Assim, o próprio Ipem poderia fazer a fiscalização.
O Inmetro, que é federal, afirma que a fiscalização é de competência estadual e municipal, e que só pode regulamentar "as etapas de fabricação e comercialização".
Mas o órgão diz que "eventuais regulamentação e certificação de brinquedos serão incluídas na agenda regulatória até 2015". (RTJ)


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