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20 PMs são suspeitos de integrar grupo de extermínio
Um policial foi
preso ontem; um
informante,
acusado de
sugerir vítimas,
está foragido
Grupo "Eu sou a morte"
teria sido responsável pela
morte de 30 pessoas em
Osasco; Corregedoria da
PM investiga caso
GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de 30 pessoas foram assassinadas desde meados do
ano passado em circunstâncias
que apontam a ação de um grupo de extermínio formado por
policiais militares em Osasco
(Grande São Paulo).
Um PM foi preso ontem e um
informante da polícia, acusado
de sugerir algumas vítimas e de
levantar informações sobre outras, também teve a prisão decretada, mas está foragido.
Cerca de 20 policiais da Força Tática (grupo especializado
em confrontos) do 14º e do 42º
Batalhões da Polícia Militar
-entre soldados, sargentos e
um cabo- são investigados pela Corregedoria da PM e pela
Polícia Civil sob a suspeita de
participar do grupo, que se intitula "Eu sou a morte" e cujos
integrantes agem encapuzados.
No primeiro semestre deste
ano, período de maior concentração de ações do grupo de extermínio, o número de homicídios dolosos dobrou em Osasco: foram 65 casos, contra 33 no
mesmo período de 2006.
A lista das vítimas do grupo
de extermínio teria mais de 40
nomes, boa parte com antecedentes criminais, segundo testemunhas que afirmam ter ouvido ameaças dos próprios
PMs. O objetivo seria matar supostos criminosos.
Mas pessoas sem passagem
pela polícia e moradores mortos por engano também estariam entre as vítimas do grupo.
O soldado da PM Natanael
Viana de Freitas e o informante
José Ednaldo dos Santos, o Gaguinho, tiveram a prisão temporária decretada por 30 dias.
Eles são suspeitos de participar
do assassinato do motoboy Ricardo Pereira de Oliveira, 23,
em julho passado.
Freitas foi reconhecido por
uma testemunha como um dos
dois homens que estavam na
moto que abordou Oliveira. O
motoboy levou nove tiros.
Ouvido na Corregedoria da
PM e na Polícia Civil, antes de
ser decretada a sua prisão, Gaguinho confirmou ter passado
dados sobre a vítima aos PMs
do grupo. Depois disso, não foi
mais localizado.
O motoboy, que não tinha
antecedentes criminais, foi
morto por engano, segundo a
investigação. Foi apurado que
ele emprestou o carro para um
amigo, que passou com o veículo no local onde um PM matou
um suposto assaltante. O carro
foi fotografado, e o dono do veículo passou a ser procurado pelo grupo, segundo Gaguinho.
Em outro caso, o celular de
um PM foi encontrado no local
onde três homens foram baleados, mas sobreviveram.
Testemunha-chave
Na memória do celular do informante foram encontrados
os telefones de cerca de 40 PMs
-os nomes eram antecedidos
por abreviaturas das patentes.
Gaguinho citou como participantes do grupo 11 soldados,
três sargentos e um cabo. Segundo ele, o grupo se formou
para fazer uma "limpeza" na região quando dois soldados tiveram as motos furtadas.
Mas as mortes suspeitas começaram em maio de 2006, na
reação policial aos ataques da
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Além da morte do motoboy,
mais de 20 outros casos na região apresentam indícios de
ação de grupo de extermínio.
A Folha reuniu dados sobre
as circunstâncias de 11 casos
-com 14 mortos e seis feridos.
Em todas, as características das
ações se assemelham:
1) Os tiros são de pistolas .40
e 9 mm (de uso exclusivo da
força policial);
2) os ataques são feitos por
homens que cobrem as placas
com plástico (esse cuidado não
é comum em acerto de contas
entre bandidos);
3) testemunhas falam que,
em alguns casos, os ataques
ocorreram depois da passagem
de carros da Força Tática (a
suspeita é que os PMs dariam o
sinal para os matadores);
4) testemunhas afirmam que
policiais chegaram ao local minutos depois do crime e recolheram cápsulas (para impedir
o confronto balístico).
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