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Rotatividade de diretor afeta nota de escola
Em escolas da rede estadual paulista com piores resultados, só 17% dos diretores estavam no cargo havia mais de seis anos
Estudo com base no Saresp e na Prova Brasil mostra que também influem variáveis como professor assíduo e uso efetivo de livro didático
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O que explica que, na mesma
rede, algumas escolas tenham
resultados tão diferentes? Um
estudo realizado a partir do Saresp 2008 (avaliação do ensino
paulista) e da Prova Brasil 2007
(avaliação federal) mostra que,
além de características dos alunos -que são responsáveis por
mais de 70% do resultado final-, fazem diferença variáveis
como diretor experiente, professores assíduos e estáveis e
uso efetivo do livro didático.
Em escolas da rede estadual
paulista com piores notas, por
exemplo, apenas 17% dos diretores estavam no cargo havia
mais de seis anos. Nas melhores, essa proporção chegava a
47%. A média da rede é de 31%.
O trabalho mostra que 35% das
escolas estaduais convivem
com alto índice de faltas de professores. Nas piores, essa proporção chega a 38% e, nas melhores, fica em 28%.
O estudo é dos pesquisadores
Naercio Menezes Filho, Diana
Nuñez e Fernanda Ribeiro, e
parte dele foi publicado no livro
"Educação Básica no Brasil"
(editora Campus), lançado em
agosto. Foram comparadas características das 10% melhores
e 10% piores escolas pelas médias do Saresp e identificadas
variáveis que estavam associadas a um aumento significativo
das notas dos alunos. Outra
constatação foi que, nas melhores, quase todos os alunos tinham acesso a livros didáticos
e, em outubro, mais de 80% de
seu conteúdo havia sido dado.
Para especialistas, o desafio
de manter diretores e professores por mais tempo é maior nas
escolas de periferia, mais afetadas pela violência e menos atrativas aos profissionais.
"Professores e diretores tendem a procurar escolas mais
próximas de sua residência, em
áreas de classe média. Quando
estão em bairros de maior vulnerabilidade, longe de casa,
tentam logo mudar. Por isso a
rotatividade é maior", diz o secretário de Educação do Estado, Paulo Renato Souza.
O presidente do sindicato
dos diretores de SP, Luiz Gonzaga Pinto, diz que faltam ações
para que as práticas das melhores escolas se disseminem e cobra mais políticas para tornar
escolas de periferia mais atrativas. Maria Izabel Noronha, do
sindicato dos professores, concorda: "Essas escolas já começam discriminadas pelo péssimo estado dos prédios, muitas
vezes construídos às pressas
para atender a demanda."
Os dois concordam também
que apenas o pagamento de um
adicional por local de exercício
-que hoje agrega 20% ao salário de professores em regiões
consideradas vulneráveis- é
pouco para manter os profissionais nessas escolas.
Souza diz que o Programa de
Valorização pelo Mérito -encaminhado à Assembleia Legislativa- agrega outros incentivos. Um deles é considerar, nas
novas regras de promoção, o
número de faltas e o tempo de
permanência na escola.
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