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Fogo arrasa 25% de parque em Brasília
Iniciado no domingo, incêndio com chamas de 20 metros faz governador do DF decretar situação de emergência
No parque da chapada
dos Veadeiros (GO), fogo
destruiu 27% da área;
região está há quase
4 meses sem chuvas
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O governador do Distrito
Federal, Rogério Rosso, decretou ontem situação de
emergência devido ao incêndio que consumiu pelo menos um quarto da área do
Parque Nacional de Brasília.
Pelo decreto assinado ontem, bombeiros e Defesa Civil
poderão, por 60 dias, comprar equipamentos sem licitação para o combate às chamas, cuja fumaça podia ser
vista ontem do centro da cidade -a 10 km de distância.
O fogo, iniciado no domingo na Granja do Torto, fora
do parque, pode ser tornar o
mais grave já registrado na
área de conservação, devido
à velocidade de propagação.
Em um dia as chamas "andaram" 20 km, queimando
10 mil dos 42 mil hectares do
parque. No incêndio mais
grave no local até agora, em
2007, o fogo levou cinco dias
para atingir 30% da área.
"As chamas de domingo à
noite tinham 20 metros de altura. Não havia condição de
combater um negócio desses", disse Amauri de Sena
Motta, diretor da unidade.
Conhecido como Água Mineral, o parque é um dos
principais pontos turísticos
locais, devido a piscinas de
água corrente. É a principal
reserva de cerrado da cidade.
Abriga espécies de mamíferos como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira e aves como seriemas e gaviões.
A Folha presenciou ontem
uma revoada de pássaros e
insetos fugindo de um dos
quatro focos de incêndio que
340 bombeiros e 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes, responsável pelo parque, tentam conter.
Nos cerca de 20 minutos
que a reportagem passou no
local, chamas baixas que
lambiam o capim da estrada
foram transformadas pelo
vento em labaredas altas
avançando parque adentro.
O vento forte e a seca criam
a fórmula perfeita para os incêndios no cerrado, que nesta época do ano são sempre
provocados. "Estamos há 117
dias sem chuva", disse Fábio
Ribeiro, capitão dos bombeiros. A previsão é de que a
água só venha em outubro.
No Água Mineral, os brigadistas e bombeiros conseguiram limitar o fogo à parte sul
da unidade, ajudados pela
proteção natural formada pela barragem de Santa Maria.
A mesma sorte não teve
uma área de conservação
ainda mais significativa do
cerrado, o parque nacional
da chapada dos Veadeiros
(GO), a 260 km de Brasília.
Ali um incêndio criminoso
iniciado no sábado saiu de
controle. Até o fechamento
desta edição, 27% do parque,
de 66 mil hectares, havia sido
queimado pelas chamas.
Se em Brasília o combate
aos incêndios conta com dois
aviões e três helicópteros, na
chapada dos Veadeiros essa
opção é limitada.
"Por causa do vento, as aeronaves não estão podendo
operar", afirmou à Folha
Paulo Carneiro, coordenador
de Proteção Ambiental do
Instituto Chico Mendes. O
parque está fechado à visitação desde sexta-feira.
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