São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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Fogo arrasa 25% de parque em Brasília

Iniciado no domingo, incêndio com chamas de 20 metros faz governador do DF decretar situação de emergência

No parque da chapada dos Veadeiros (GO), fogo destruiu 27% da área; região está há quase 4 meses sem chuvas

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Rogério Rosso, decretou ontem situação de emergência devido ao incêndio que consumiu pelo menos um quarto da área do Parque Nacional de Brasília.
Pelo decreto assinado ontem, bombeiros e Defesa Civil poderão, por 60 dias, comprar equipamentos sem licitação para o combate às chamas, cuja fumaça podia ser vista ontem do centro da cidade -a 10 km de distância.
O fogo, iniciado no domingo na Granja do Torto, fora do parque, pode ser tornar o mais grave já registrado na área de conservação, devido à velocidade de propagação.
Em um dia as chamas "andaram" 20 km, queimando 10 mil dos 42 mil hectares do parque. No incêndio mais grave no local até agora, em 2007, o fogo levou cinco dias para atingir 30% da área.
"As chamas de domingo à noite tinham 20 metros de altura. Não havia condição de combater um negócio desses", disse Amauri de Sena Motta, diretor da unidade.
Conhecido como Água Mineral, o parque é um dos principais pontos turísticos locais, devido a piscinas de água corrente. É a principal reserva de cerrado da cidade. Abriga espécies de mamíferos como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira e aves como seriemas e gaviões.
A Folha presenciou ontem uma revoada de pássaros e insetos fugindo de um dos quatro focos de incêndio que 340 bombeiros e 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes, responsável pelo parque, tentam conter.
Nos cerca de 20 minutos que a reportagem passou no local, chamas baixas que lambiam o capim da estrada foram transformadas pelo vento em labaredas altas avançando parque adentro.
O vento forte e a seca criam a fórmula perfeita para os incêndios no cerrado, que nesta época do ano são sempre provocados. "Estamos há 117 dias sem chuva", disse Fábio Ribeiro, capitão dos bombeiros. A previsão é de que a água só venha em outubro.
No Água Mineral, os brigadistas e bombeiros conseguiram limitar o fogo à parte sul da unidade, ajudados pela proteção natural formada pela barragem de Santa Maria.
A mesma sorte não teve uma área de conservação ainda mais significativa do cerrado, o parque nacional da chapada dos Veadeiros (GO), a 260 km de Brasília.
Ali um incêndio criminoso iniciado no sábado saiu de controle. Até o fechamento desta edição, 27% do parque, de 66 mil hectares, havia sido queimado pelas chamas.
Se em Brasília o combate aos incêndios conta com dois aviões e três helicópteros, na chapada dos Veadeiros essa opção é limitada.
"Por causa do vento, as aeronaves não estão podendo operar", afirmou à Folha Paulo Carneiro, coordenador de Proteção Ambiental do Instituto Chico Mendes. O parque está fechado à visitação desde sexta-feira.


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