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EDUCAÇÃO
Novo programa deve atender até 10 mil alunos
Governo tenta estimular empresas e ONGs a investir no ensino técnico
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem conseguir bancar a demanda da educação profissional do
país, o governo federal desenvolveu um programa para estimular
empresas e o terceiro setor a investir no ensino técnico. Para o
Ministério da Educação, hoje, seria necessário praticamente quadruplicar o número de vagas no
ensino profissional para atender a
quantidade mínima de pessoas
treinadas que o mercado de trabalho exige -o número chegaria
a 2 milhões de estudantes.
O projeto Escola de Fábrica, que
será lançado na próxima semana,
terá recursos de R$ 18 milhões e
deve atender até 10 mil estudantes
da rede pública. As salas de aula
serão montadas por empresas, a
execução, realizada por entidades
do terceiro setor e a programação
curricular e certificação caberá às
Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica). O MEC espera participação de 500 empresas.
"A necessidade de expansão na
educação profissional é tamanha
que o Estado sozinho não dá conta", afirmou Antonio Ibañez, secretário de Educação Profissional
e Tecnológica do MEC. "Hoje, nós
temos muita dificuldade, com a
retomada do crescimento econômico, de encontrar gente com capacidade técnica."
O projeto prevê que as escolas
sejam autofinanciáveis, ou seja, a
empresa e a organização não-governamental envolvidas devem
fazer um fundo para que nos próximos anos não dependam de repasse governamental. O ministério somente repassará recursos
para novas escolas.
A educação profissional no ensino básico cresceu 14,5% entre
2002 e 2003 (675 mil matrículas),
em comparação ao ensino médio,
que aumentou 1% (9,2 milhões).
"Isso mostra que o jovem não está
satisfeito apenas com o ensino
médio. Hoje, o nível de ensino só
não garante o emprego", diz.
O movimento, no entanto, foi
puxado pelas instituições particulares, que tiveram um crescimento de 20,8% (393 mil matrículas,
2003), contra um aumento de
6,7% na rede pública (282 mil).
Próximos passos
Em novembro, sai o edital do
programa. As entidades do terceiro setor com experiência em educação profissional poderão se
candidatar. O repasse será para o
material didático, o pagamento
de consultores para desenvolver o
conteúdo dos cursos e o salário de
coordenadores pedagógicos.
Após a seleção, as entidades
procuram empresas parceiras,
que devem oferecer espaço, bolsa
de meio salário mínimo (R$ 130)
por aluno e instrutores (seus funcionários). As Cefets entram com
o auxilio ao conteúdo pedagógico, a formação dos instrutores, a
verificação dos cursos e a certificação depois da conclusão.
Os cursos devem ser de 800 horas (aproximadamente um ano) e
deve atender alunos de 15 a 17
anos da rede pública (a partir da
8ª série do ensino fundamental)
com uma renda familiar per capita de até meio salário mínimo.
Não podem ser filhos de funcionários da empresa ou da ONG.
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